Dinâmicas do depoimento e violência mítica em “Sou eu mais livre, então: diário de um preso político angolano”, de Luaty Beirão

Autores

  • Daniel Laks Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

DOI:

https://doi.org/10.22409/gragoata.v25iEsp.34151

Palavras-chave:

Violência Mítica, Perseguição Política, Escritas do Cárcere, Luaty Beirão, Poética do Testemunho.

Resumo

Em 2015, o rapper e ativista político angolano Luaty Beirão foi preso por participar de uma sessão de debate sobre um texto de Domingos da Cruz, baseado na obra de Gene Sharp Da Ditadura à Democracia: o Caminho para a Libertação. Ao longo de sua prisão, Beirão escreveu três cadernos relatando suas experiências carcerárias, pensamentos sobre a situação política angolana e letras para músicas expressando suas vivências. Esses diários foram publicados como livro pela editora Tinta da China em 2017. Os objetivos do presente artigo estruturam-se em dois eixos principais. Primeiro, com base nas letras de músicas presentes nos diários do cárcere de Luaty Beirão, visa contemplar a inversão da máxima de Theodor Adorno (2003, p. 7) - “Escrever poesia depois de Auschwitz é um ato de barbárie” - proposta por Slavoj Zizek (2014, p. 19), no livro Violência: “A prosa realista fracassa ali onde a evocação poética da atmosfera insuportável do campo de concentração é bem sucedida” . Segundo, será discutido o conceito de “violência mítica” como fundação de um novo direito, conforme proposto por Walter Benjamin (2011) no ensaio Para uma Crítica da Violência. Assim, o artigo pretende abordar a relação entre regimes autoritários e a escrita poética dos diários do cárcere de Beirão como representativa das dinâmicas do depoimento de eventos extremos, ressaltando as influências da perseguição política sobre o ato de escrever.

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Biografia do Autor

Daniel Laks, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Daniel Laks é professor adjunto e professor do quadro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura (PPGLit) da Universidade Federal de São Carlos. Realizou pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense com financiamento FAPERJ (Bolsa FAPERJ Nota 10). Possui doutorado pelo programa de pós-graduação Literatura, Cultura e Contemporaneidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com período sanduíche de doze meses na Universidade de Coimbra (2016). Possui mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2011).

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Publicado

2020-07-31

Como Citar

Laks, D. (2020). Dinâmicas do depoimento e violência mítica em “Sou eu mais livre, então: diário de um preso político angolano”, de Luaty Beirão. Gragoatá, 25(Esp), 473-488. https://doi.org/10.22409/gragoata.v25iEsp.34151