Enfrentamentos à bandeira nacional a partir do cinema brasileiro contemporâneo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/rmc.v16i2.53211

Palavras-chave:

bandeira brasileira, cinema brasileiro, evidências

Resumo

Durante a década de 2010, de todos os símbolos nacionais brasileiros - entre eles o hino e a camisa canarinho da seleção de futebol - foi possivelmente o da bandeira verde e amarela a que mais sofreu oscilações no que diz respeito à sua relação afetiva com a ideia de identidade nacional. As turbulências políticas que afetaram o país particularmente após as chamadas Jornadas de Junho de 2013 fizeram com que esse objeto fosse ressignificado, sendo gradativamente mais associado a forças conservadoras. Nesse período, o cinema brasileiro independente catalisou o desconforto do pensamento crítico com o uso e a apropriação desse símbolo que, tal como várias outras bandeiras e hinos, foram criados para forjar identidades nacionais durante a passagem de governos monárquicos para republicanos. A partir de quatro filmes – Branco sai preto fica (2014), de Adirley Queirós, No coração do mundo (2019), de Maurílio Martins e Gabriel Martins, Divino amor (2019), de Gabriel Mascaro e Martírio (2016), de Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tita – se pretende observar de que forma, quando colocada como uma imagem de fundo, quase imperceptível, porém sempre notada, a figuração da bandeira brasileira produz evidências contra si mesma, no sentido de surgir em cena como enfrentamento direto ao seu discurso oficial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Caroline de Almeida, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco com pesquisa centrada nas produções simbólicas do cinema brasileiro contemporâneo no que diz respeito à experiência sensível dos centros urbanos. Possui mestrado em Comunicação pela UFPE (2006).

Referências

BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

BRASIL, André. Retomada: teses sobre o conceito de história. In: Catálogo do Forum.doc. Belo Horizonte: Filmes de Quintal, 2016.

CACHOEIRADOC. Desaguar em cinema: retomar territórios invadidos. Disponível em: https://www.10olhares.com/olhar-1-cachoeira-doc. Acesso em 10 de fevereiro de 2022.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

FARGE, Arlette. O Sabor do Arquivo. São Paulo: EDUSP, 2009.

GOMES, Paulo Emílio Salles. Cinema, trajetória no subdesenvolvimento. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GUEDES, Simoni Lahud; SILVA, Edison Márcio de Almeida da. O segundo sequestro do verde e amarelo: futebol, política e símbolos nacionais. Cuadernos de Aletheia, Buenos Aires, n. 3, p. 73-89, 2019. Disponível em: http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/art_revistas/pr.9691/pr.9691.pdf. Acesso em 10 de fevereiro de 2022.

GUEDES, Wallace Andrioli. Brasil Canibal: Antropofagia e tropicalismo no Macunaíma de Joaquim Pedro de Andrade. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2011.

NOLASCO, Patricio. L'état de l'Etat-nation: Une approche de la question brésilienne. Paris: Karthala, 1997, p. 107-123.

RODRIGUES, Fábio. Retomar a bandeira do brasil (ou: nossa bandeira sempre foi vermelha). Disponível em: https://www.poeticasdaexperiencia.org/

/07/retomar-a-baneira-do-brasil-ou-nossa-badneira-sempre-foi-vermelha/. Acesso em 10 de fevereiro de 2022.

SILVA, Denise Ferreira da. A dívida impagável. São Paulo: Oficina de Imaginação Política e Living Commons, 2019.

SILVA, Denise Ferreira da. Trecho de fala na live do Latitude Festival, 6 de jun. de 2020. Disponível em: https://www.facebook.com/watch/live/?ref=watch_permalink&v=1381084875613111. Acesso em 14 de fevereiro de 2022.

Downloads

Publicado

2022-05-27

Como Citar

Almeida, A. C. de. (2022). Enfrentamentos à bandeira nacional a partir do cinema brasileiro contemporâneo . Mídia E Cotidiano, 16(2), 108-128. https://doi.org/10.22409/rmc.v16i2.53211