Revolução grisalha: libertação e midiatização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/rmc.v17i1.53714

Palavras-chave:

Revolução Grisalha, Aparência, Cabelo Branco e Grisalho, Mídias e Redes Sociais

Resumo

Na contemporaneidade, surge e ganha visibilidade um movimento social feminino, de abrangência internacional, denominado revolução grisalha. Nele, mulheres de diversas idades estão assumindo os cabelos brancos e grisalhos. O objetivo da pesquisa foi realizar uma revisão narrativa, a fim de caracterizar, discutir e documentar a produção a respeito da temática. A seleção do material foi feita no ano de 2021 utilizando-se os termos “revolução grisalha”, “cabelo branco”, “cabelo grisalho” e “poder grisalho”, tanto no português como no inglês. Foram consultadas fontes primárias e secundárias. A análise do material levantado indicou uma tensão entre os discursos de libertação dos padrões de beleza normativos e a midiatização do movimento como tendência de moda, que representa e reproduz perfis femininos tradicionalmente cultuados. 

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Biografia do Autor

Barbara Santos Aires, Universidade de São Paulo

Bacharel e mestranda em Têxtil e Moda, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo (USP). Bolsista CAPES. Integrante do grupo de pesquisa, ensino e extensão Envelhecimento, Aparência e Significado (EAPS). E-mail: barbara.aires@usp.br

Andrea Lopes, Universidade de São Paulo

Antropóloga, Doutora em Educação e docente das Graduações e Pós-Graduações de Gerontologia e de Têxtil e Moda da Universidade de São Paulo, coordenadora do grupo de pesquisa, ensino e extensão Envelhecimento, Aparência e Significado (EAPS), site www.each.usp.br/grupoeaps. E-mail: andrealopes@usp.br

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Publicado

2022-12-15

Como Citar

Santos Aires, B., & Lopes, A. (2022). Revolução grisalha: libertação e midiatização. Mídia E Cotidiano, 17(1), 135-159. https://doi.org/10.22409/rmc.v17i1.53714