Do céu ao inferno com os Fradinhos do Henfil: uma análise sociossemiótica multimodal
DOI:
https://doi.org/10.22409/rmc.v18i3.60424Palavras-chave:
Henfil, O Pasquim, Semiótica social, Cartum, GrotescoResumo
Henfil foi, sobretudo, um artista voltado à crítica de costumes, contraposto ao senso comum e ao moralismo. Este artigo apresenta um conjunto de desenhos publicados por Henfil no jornal O Pasquim, entre fevereiro e abril de 1970, onde o cartunista elaborou uma série de quadrinhos com o protagonismo de seus personagens Fradinhos, vivenciando uma vida após a morte, do céu ao inferno. Os desenhos henfilianos, característicos por traços rápidos, cenários simples e linhas sensíveis, procuravam expor os anseios político-militantes do artista em um período (anos 1970) onde houve uma febre de histórias em quadrinhos brasileiras, subvertendo as narrativas gráficas dos comics tradicionais dos Estados Unidos. Henfil não fazia desenhos tristes, mas sim agressivos, que retratavam a realidade (talvez ainda mais agressiva) vivida pelo cartunista e demais brasileiros durante a ditadura militar (1964 - 1985). Em camadas mais profundas de análise sociossemiótica (semiótica social) multimodal, é perceptível a esperança contida nos enredos, para além do escracho grotesco. Uma crença em uma mudança na sociedade, onde o oprimido pudesse ter uma revanche perante o seu opressor. O objetivo deste trabalho é proporcionar um resgate da obra de Henfil, bem como uma análise sociossemiótica multimodal sobre os cartuns - e seus elementos grotescos - ao produzir um imaginário perante a religião católica.
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