Narrativas ambientais ativistas: convergências entre jornalismo independente e etnomídia indígena

Autores

  • Amanda Grzyb University of Western Ontario
  • André Wolmer de Melo University of Western Ontario
  • Pedro Martins Universidade Estadual Paulista em Bauru

DOI:

https://doi.org/10.22409/rmc.v18i3.63493

Palavras-chave:

jornalismo ambiental, jornalismo independente, etnomídia indígena, narrativas contra-hegemônicas, justiça ambiental

Resumo

Este artigo apresenta duas práticas comunicacionais ativistas que podem contribuir no enfrentamento da atual crise ecológica: o jornalismo ambiental independente e a etnomídia indígena. O objetivo é identificar convergências entre as duas no que se refere ao potencial de acionamento de narrativas em prol da transformação social. Para tanto, operacionalizamos, entre outros, os conceitos de justiça ambiental, violência lenta, ambientalismo dos pobres, violência simbólica e narrativas contra-hegemônicas. Concluímos que a produção ambiental jornalística independente e a etnomídia indígena trazem elementos importantes de críticas ignorados pela mídia mainstream, além de dialogar diretamente com populações vulneráveis que sofrem diretamente os impactos dos agravos ambientais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amanda Grzyb, University of Western Ontario

Doutora em Inglês (Duke University) - Professora de Informação e Estudos da Mídia (University of Western Ontario, Canadá). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3950-2254.

     

André Wolmer de Melo, University of Western Ontario

André Wolmer é assessor-chefe de comunicação no Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte.  Doutorando na University of Western Ontario, no Canadá. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5742-5470.

Pedro Martins, Universidade Estadual Paulista em Bauru

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Estadual Paulista (Unesp, Bauru). ORCID: https://orcid.org/0009-0009-4079-2464

Referências

APOSTOLOPOULOU, Elia; CORTES-VAZQUEZ, José A. The Right to Nature: social movements, environmental justice and neoliberal natures. New York: Routledge, 2018.

BARROS, T. A. Coração da Amazônia, território em disputa: movimento indígena e representação política em campanha contra hidrelétricas. Curitiba: Appris, 2023.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. São Paulo: Bertrand Brasil, 2007.

CORREA XAKRIABÁ, Célia Nunes. O Barro, o Genipapo e o Giz no fazer epistemológico de Autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. (Dissertação de mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais). Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília. Brasília – DF, 2018. 218 p.

COSTA, L. M. A formação do campo ambiental: um resgate histórico do contexto nacional e amazônico. Revista Tempo da Ciência, v.12, n. 23, 2005.

DORE, Rosemary; SOUZA, Herbert Glauco de. Gramsci Nunca Mencionou o Conceito de Contra-Hegemonia. Cadernos de Pesquisa, São Luís, v. 25, n. 3, jul./ set. 2018.

FABER, D. The political economy of environmental justice. In: HOLIFIELD, Ryan; CHAKRABORTY, Jayajit; WALKER, Gordon. The Routledge Handbook of Environmental Justice. New York: Routledge, 2018, p. 61-73.

FERNANDES, S. Entenda a crise de saúde yanomami, que levou o governo a decretar emergência. Folha de S. Paulo, 21 jan 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/01/entenda-a-crise-de-saude-yanomami-que-levou-o-governo-a-decretar-emergencia.shtml. Acesso em: 09 dez 2023.

FRIEDMAN, S. M. The changing face of environmental journalism in the United States. In: HANSEN, Anders; COX, Robert. (eds.). The Routledge handbook of environment and communication. Abingdon: Routledge, 2015. p. 144 – 157.

GABRIEL, J. Governo Bolsonaro deu aval inédito para garimpo próximo à terra yanomami. Folha de S. Paulo, 23 jan 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/01/governo-bolsonaro-deu-aval-inedito-para-garimpo-proximo-a-terra-yanomami.shtml. Acesso em: 09 dez 2023.

GALTUNG, J. La Violencia: cultural, estructural y directa. Fundación Dialnet, Rioja, n. 183, p.147-168, 2016. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5832797

GUILHERME, Andrielle Cristina Moura Mendes. Comunicadoras indígenas e a de(s)colonização das imagens. Orientador: Juciano de Sousa Lacerda. 2022. 289f. Tese (Doutorado em Estudos da Mídia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.

GIRARDI; Ilza Maria Tourinho; MORAES, Claudia Herte de; LOOSE, Eloisa Beling; BELMONTE, Roberto Villar. (orgs). Jornalismo Ambiental: teoria e prática. Porto Alegre: Metamorfose, 2018.

GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere. Tradução de Carlos Nelson Coutinho, Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

HANSEN, A.; COX, R. (eds.). The Routledge handbook of environment and communication. Abingdon: Routledge, 2015.

HARLOW, Summer. Digital-Native News and the Remaking of Latin American Mainstream and Alternative Journalism. New York: Routledge Focus, 2023.

HOLANDA, J. S. P. de; KÄÄPÄ, P.; COSTA, L. M. Jornalismo ambiental: características e interfaces de um campo em construção. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 45, p. e2022109, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3KHgb2u . Acesso em: 20 jul. 2023.

HOLIFIELD, Ryan; CHAKRABORTY, Jayajit; WALKER, Gordon. The Routledge Handbook of Environmental Justice. New York: Routledge, 2018

IBGE. Povos Indígenas/Quem são, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/povos-indigenas/quem-sao. Acesso em: 02 dez 2023.

IBGE. Território brasileiro e povoamento, 2007. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historia-indigena.html#:~:text=A%20hist%C3%B3ria%20do%20povoamento%20ind%C3%ADgena,Despovoamento%2C%20portanto. Acesso em: 02 dez 2023.

ISA - Instituto Socioambiental. Povos Indígenas no Brasil: 2017/2022. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2023.

LOOSE, E. B.; BELMONTE , R. V. ACTIVISM IN ENVIRONMENTAL JOURNALISM: how four key moments helped shape an engaged practice in Brazil. SciELO Preprints, 2023. DOI: 10.1590/SciELOPreprints.6065. Disponível em: https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/6065. Acesso em: 10 dez. 2023.

MACNAMARA, Jim. Journalism and PR: Beyond myths and stereotypes to transparency and management in the public interest. Sidney: University of Technology Sidney, 2009. Disponível em: shorturl.at/mnCS7. Acesso em: 5 set. 2020.

MADEIRO, C. Garimpo ilegal em área protegida cresceu 90% sob Bolsonaro, apontam dados. UOL, 22 set 2023. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/carlos-madeiro/2023/09/22/garimpo-em-areas-protegidas-cresceu-90-na-gestao-bolsonaro-diz-mapbiomas.htm. Acesso em: 09 dez 2023.

MAES, J. Desmatamento por garimpo na Terra Indígena Yanomami saltou 25% em 2022, aponta Inpe. Folha de S. Paulo, 28 jan 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/01/desmatamento-por-garimpo-na-terra-indigena-yanomami-saltou-25-em-2022-aponta-inpe.shtml. Acesso em: 09 dez 2023.

MALM, A. Corona, climate, chronic emergency : war communism in the twenty-first century. London: Verso, 2020

MELO, A.; COSTA, L. M. The concept of social field in media discourse: The impact of salt production on the environment in Brazil. Sur Le Journalisme, About Journalism, Sobre Jornalismo, n. 11, v. 2, pp. 90-107, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.25200/SLJ.v11.n2.2022.465. Acesso em: 08 dez. 2023.

MELO, A.; COSTA, L. M. Environmental Journalism: from theory to the coverage of the environmental impact of Brazilian salt production. Comunicação Pública, v. 18, n. 34, 2023a. Disponível em: https://doi.org/10.34629/cpublica.725. Acesso em: 10 dez. 2023.

MELO, A.; COSTA, L. M. Environmental justice and independent journalism: narratives about mangrove communities in Recife, Brazil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 46., Belo Horizonte/MG, set. 2023. Anais eletrônicos [...]. Belo Horizonte: Intercom, 2023b. Disponível em: https://sistemas.intercom.org.br/pdf/link_aceite/nacional/11/0815202317584764dbe7078191d.pdf. Acesso em: 05 dez. 2023.

MORAES, D. Comunicação, hegemonia e contra-hegemonia: a contribuição teórica de Gramsci, 2010. Debates, Porto Alegre, v.4, n.1, p. 54-77, jan.-jun. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/debates/article/view/12420. Acesso em: 08 dez 2023.

MIGUEL, Katarini Giroldo; MACHADO, Mylena Fraiha. Jornalismo e afetos na experiência transmídia do movimento ambiental. Revista Observatório, Palmas, v. 5, n. 4, p. 280 – 308, jul.-set. 2019.

NASCIMENTO, L. G. Etnocomunicação indígena como prática de liberdade decolonialista e ancestral. Curitiba: Appris, 2021.

NIXON, R. Slow Violence and the Environmentalism of the Poor. Cambridge: Harvard University Press, 2011.

PALFREY, J.; GASSER, U. Born digital: Understanding the first generation of digital natives. New York: Basic Books, 2008.

PASCOAL; ZHOURI. Os Krenak e o desastre da mineração no Rio Doce. Ambientes: Revista de Geografia e Ecologia Política, S/L, v. 3, n. 2, p. 360-394, 2021. DOI: 10.48075/amb.v3i2.28271. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/ambientes/article/view/28271. Acesso em: 8 out. 2023.

PEREIRA, B. E; DIEGUES, A. C. Conhecimento de populações tradicionais como possibilidade de conservação da natureza: uma reflexão sobre a perspectiva da etnoconservação, n. 22, p. 37-50, jul./dez. 2010. Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v22i0.16054. Acesso em: 05. Out. 2023.

PEREIRA, E. S; DI FELICE, M. As qualidades ecológicas das redes indígenas no Brasil, 2020. Chasqui: Revista Latinoamericana de Comunicación, Nº. 147, págs. 201-220. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=8093849. Acesso em: 11 nov. 2023.

PEREIRA, E. S; DI FELICE, M; FRANCO, T. O Net-Ativismo indígena na Amazônia, em contextos pandêmicos, 2021. Estudos em Comunicação, n. 31, p. 109-132, 2020. Disponível em: https://ojs.labcom-ifp.ubi.pt/index.php/ec/article/view/826/pdf. Acesso em: 11 nov. 2023.

PEREIRA, E. S; DI FELICE, M. Redes e ecologias comunicativas indígenas: as contribuições dos povos originários à Teoria da Comunicação. São Paulo: Paulos, 2017.

RAMOS, Alessandra Natasha Costa. Sustentabilidade financeira de meios jornalísticos nativos digitais no Brasil: um estudo a partir do mapa do jornalismo independente. 2021. 292 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Jornalismo, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Sc, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3KHt6kV .Acesso em: 22 jun. 2023.

RODRIGUES, A. D. Comunicação e cultura: a experiência cultural na era da informação. Lisboa: Editorial Presença, 1999.

REIS, Mariana. Jornalismo Independente e Desenvolvimento Local: apontamentos a partir de estudo de caso em Pernambuco e na Bahia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 43., 2020, Virtual. Anais [...] . Virtual: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2020. v. 1, p. 1-15. Disponível em: https://bit.ly/3QFa6HI . Acesso em: 15 jun. 2023.

SAMPAIO, Claudiane de Oliveira Carvalho. A construção do discurso informativo na relação entre assessoria de imprensa e jornalismo: apontamentos metodológicos para análise. 2014. Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas) – Universidade Federal da Bahia, Salvador: UFBA, 2014.

SANTI, V. J. C; ARAÚJO, B. Etnomídia indígenas e novas territorialidades: a comunicação alternativa na construção dos territórios midiáticos. In: SANTI, V. J. C; et al (Orgs.). Povos originários e comunidades tradicionais, Vol 6: trabalhos de pesquisa e de extensão universitária. Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2020.

SANTI, V. J. C; ARAÚJO, B. Os territórios midiáticos e a territorialização do movimento dos povos indígenas no bios midiático, 2022. Trayectorias humanas transcontinentales (14). Disponível em: https://www.unilim.fr/trahs/4810. Acesso em: 10 ago. 2024.

SILVA, Marcelli Alves da; OLIVEIRA DOS SANTOS, Wyldiany. Jornalismo independente em pesquisas da comunicação: um estado da arte. Revista Alterjor, São Paulo, Brasil, v. 28, n. 2, p. 696–713, 2023. DOI: 10.11606/issn.2176-1507.v28i2p696-713. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/alterjor/article/view/205922. Acesso em: 30 jun. 2024.

SMITH, Linda Tuhiwai. Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Tradução Roberto G. Barbosa. Curitiba: Ed. UFPR, 2018.

TAKAHASHI, Bruno; PINTO, Juliet; CHAVEZ, Manuel; VIGÓN, Mercedes. (eds.). News media coverage of environmental challenges in Latin America and the Caribbean – mediating demand, degradation and development. Palgrave MacMillan, 2018.

TUPINAMBA MACHADO, Renata. Etnomídia, uma ferramenta para a comunicação dos povos originários. Brasil de Fato, 11 ago 2016. Disponível em: https://www.brasildefatopr.com.br/2016/08/11/etnomidia-por-uma-comunicacao-dos-povos-originarios. Acessso em 8 dez. 2023.

Downloads

Publicado

2024-09-26

Como Citar

Grzyb, A., Wolmer de Melo, A., & Martins Pereira, P. H. (2024). Narrativas ambientais ativistas: convergências entre jornalismo independente e etnomídia indígena. Mídia E Cotidiano, 18(3), 77-96. https://doi.org/10.22409/rmc.v18i3.63493

Edição

v. 18 n. 3 (2024): Comunicação, cotidiano e meio ambiente: interfaces teóricas e ativismos midiáticos

Seção

Artigos Seção Temática

Licença

Aviso de Direito Autoral Creative Commons


1. Política para Periódicos de Acesso Livre

Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
    1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
    2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
    3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).