O movimento antivacina no YouTube nos tempos de pós-verdade: Educação em saúde ou desinformação?

Autores

  • Bianca Barros da Costa Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências https://orcid.org/0000-0001-8962-2639
  • Daiane de Jesus Viegas Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade https://orcid.org/0000-0002-4829-6395
  • Thamyris Almeida Moreira Instituto Nossa Senhora da Glória, Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, Macaé, RJ, Brasil; Fundação Educacional da Região dos Lagos (FERLAGOS), Cabo Frio, RJ, Brasil; Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Macaé, RJ, Brasil https://orcid.org/0000-0003-3718-7131
  • Paula Alvarez Abreu Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade https://orcid.org/0000-0003-2204-3012

DOI:

https://doi.org/10.22409/rmc.v14i1.38210

Palavras-chave:

Antivacinação, YouTube, vídeos, saúde, Fake News

Resumo

Apesar dos benefícios da vacinação, movimentos antivacinação têm se espalhado pelo  mundo. Neste estudo foi feita uma análise dos vídeos sobre o movimento antivacina no YouTube, o seu impacto em visualizações e a aceitação dos usuários. Foram realizadas duas buscas em períodos diferentes e 14 vídeos se mantiveram entre os mais relevantes nas buscas. A maioria dos vídeos foi contra o movimento e nestes havia profissionais de saúde que explicaram os benefícios das vacinas, enquanto os vídeos a favor usaram argumentos sem base científica, fake news e teorias conspiratórias. Apesar de serem a minoria, os vídeos a favor do movimento tiveram milhares de visualizações e houve aumento da razão like/dislike, mostrando que muitos seguidores se identificaram com o conteúdo. Em tempos de pós-verdade é essencial entender como as mídias sociais influenciam nas decisões em saúde.

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Biografia do Autor

Bianca Barros da Costa, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências

Possui Graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - campus Macaé (2013). Mestrado em Produtos Bioativos e Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015). Atualmente é aluna de doutorado na UFRJ/Macaé. Tem experiência na área de Farmácia, com ênfase em Bioquímica e glicobiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: polissacarídeos sulfatados, algas marinhas, atividade anticoagulante e antitrombótica.

Daiane de Jesus Viegas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade

Bióloga formada pela Unesp, onde realizou sua iniciação científica em biologia celular e toxicologia em projeto financiado pela Fapesp. Trabalhou como microbiologista nas indústrias farmacêutica Janssen Cilag e de bebidas Heineken Brasil. Realizou seu mestrado na área de Microbiologia e Imunologia no programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal, trabalhando na investigação de atividades biológicas de fitoterápicos no Instituto de Ciências e Tecnologia da Unesp em São José dos Campos. Cursou seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências na UFRJ- Campus Macaé, pesquisando moléculas sintéticas com atividades antifúngica e antiviral. Realizou parte de sua pesquisa na Universidade da Flórida EUA, com bolsa PDSE da Capes. Atualmente, trabalha em seu pós-doutorado pesquisando moléculas com atividade antifúngica sobre Sporothrix sp., projeto financiado pelo CNPq.

Thamyris Almeida Moreira, Instituto Nossa Senhora da Glória, Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, Macaé, RJ, Brasil; Fundação Educacional da Região dos Lagos (FERLAGOS), Cabo Frio, RJ, Brasil; Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Macaé, RJ, Brasil

Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, no ano de 2013. Mestrado pela UFRJ em 2015 no Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências (PPG- PRODBIO), com o trabalho intitulado "Ação anticoagulante da galactana sulfatada extraída da alga verde Penicillus capitatus". Doutoranda pelo PPG - PRODIO da UFRJ-campus Macaé e atualmente professora da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora desde 2015 e da Fundação Educacional da Região dos lagos, desde 2018.

Paula Alvarez Abreu, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade

Professora adjunta III da Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pelas disciplinas de Micologia clínica, Modelagem molecular, Metodologia científica. e Docência no ensino superior. Doutora em Neurociências pela Universidade Federal Fluminense. Possui graduação em Farmácia Industrial pela UFF (2006). Habilitação em análises clínicas (2007) e Mestrado em Neuroimunologia na mesma instituição (2008). Atualmente é membro permanente do Programa de Pós-graduação em Produtos Bioativos e Biociências da UFRJ e tem projetos na área de Planejamento de fármacos e Modelagem Molecular e na área de desenvolvimento e análise de novas ferramentas para ensino de Ciências e divulgação científica em uma perspectiva interdisciplinar e de inclusão.

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Publicado

2020-02-19

Como Citar

da Costa, B. B., Viegas, D. de J., Moreira, T. A., & Abreu, P. A. (2020). O movimento antivacina no YouTube nos tempos de pós-verdade: Educação em saúde ou desinformação?. Mídia E Cotidiano, 14(1), 220-239. https://doi.org/10.22409/rmc.v14i1.38210