REPRESENTAÇÕES HISTÓRICAS DA POPULAÇÃO NEGRA EM UM LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA: ALGUMAS REFLEXÕES E PROBLEMATIZAÇÕES

Resumo

Este artigo tem como objetivo central discutir aspectos sobre a educação
antirracista, promovendo reflexões e problematizações acerca das representações
construídas sobre as populações negras de um capítulo conhecido como “O Fim da
República”, presente em um livro didático de história. A análise é realizada a partir de
um livro didático produzido nos anos 1990, dos autores Milton Barbosa Filho e Maria
Luiza Stockler, publicado pela editora Scipione, em 1993. Utiliza-se como base os
pressupostos metodológicos tomados para a análise de fontes imagéticas (iconográficas)
no estudo da História. Dentre os resultados, o livro analisado traz aspectos sobre o
branqueamento da população negra, reforçando a ideia de que os negros, além de serem
inferiores, impuros e ter certos valores perniciosos, não conduziria o Brasil rumo ao
progresso idealizado. Isto implica em compreensões relativas aos valores culturais
brancos, que nesta concepção precisariam se sobrepor aos dos negros. Como conclusões,
considera-se o livro didático como um produto que foi produzido por uma indústria
cultural, tal como Adorno e Horkheimer (2019) defendem, e que é propagador de diversas
concepções de mundo. O livro didático analisado não é fiel a um modelo positivista, mas
herda algumas características dessa concepção filosófica da História.