Práticas de (re)produção, práticas de contestação
a experiência de mulheres brasileiras em Portugal
Mots-clés:
Migração , Mulheres Brasileiras , Luso-Tropicalismo, DecolonialidadeRésumé
P
Partindo dos dados produzidos na etnografia virtual realizada no Projeto de Iniciação Científica: “A experiência migratória de brasileiras em Portugal: colonialidade e gênero”, este artigo analisa sociologicamente os efeitos da representação da “brasileira” em Portugal, os seus princípios e mecanismos de produção e reprodução. Para tanto, foram selecionados relatos de mulheres brasileiras e discursos portugueses em dois grupos no Facebook, analisados a partir do eixo teórico-conceitual da colonialidade, dos conceitos de tradição pornô-trópica e violência simbólica. O artigo demonstra não apenas as práticas de manutenção da ordem colonial-patriarcal e a (re)produção da representação que essencializa as mulheres brasileiras, como a sua denúncia e contestação por essas próprias mulheres.
##plugins.generic.usageStats.downloads##
Références
ALMEIDA, Gisele Maria Ribeiro. O tipo migratório do fluxo Brasil-França até 1980. In: Au revoir Brésil: um estudo sobre a imigração brasileira na França no século XXI. Jundiaí: Paco, 2021. p.148.
ALMEIDA, Gisele Maria Ribeiro; BAENINGER, Rosana. Modalidades migratórias internacionais: da diversidade dos fluxos às novas exigências conceituais. In: BAENINGER, Rosana. (Org.). Migração internacional. 1° ed. Campinas: NEPO/UNICAMP, 2013, v. 1, p.23-34.
ALMEIDA, Miguel Vale de. Tristes luso-trópicos; Saudades de si mesmo. In: Um mar da cor da terra - raça, cultura e política de identidade. Portugal: Celta Editora, 2000. p.161-204.
ASSIS, Gláucia Oliveira; SIQUEIRA, Sueli. Entre o Brasil e a Europa: brasileiras negociando gênero e raça nas representações sobre “a mulher brasileira”. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 63, p. e216306, 2022.
BOURDIEU, Pierre. O senso prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o poder simbólico; Introdução a uma sociologia reflexiva. In: _____O Poder Simbólico. Lisboa: Difel, 1989, p.7-16; p.17-58.
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, n. 26, p. 329–376, jan. 2006.
CAMPANELLA, B. Por uma etnografia para a internet: transformações e novos desafios. Matrizes, [S. I], v. 9, n. 2, p.167-173, 2015.
CASTELO, Cláudia. O modo português de estar no mundo: o lusotropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961). Porto: Edições Afrontamento, 1998.
DA MATTA, Roberto. O ofício do etnólogo ou como ter “anthropological blues”. In: NUNES, E. O. (org). A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. p.28.
ELIAS, Norbert; e SCOTSON, John. L. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
ELHAJJI, Mohammed. Introdução; Percursos migratórios; Teorias e métodos. In: ____O intercultural migrante: teorias e análises. Porto Alegre: Editora Fi, 2023.
FRANÇA, Thais; OLIVEIRA, Stefanie Prange de. Mulheres brasileiras imigrantes como estraga-prazeres: revelando racismo no “amigável” Portugal. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 63, e216301, 2021, p.1-17.
FREYRE, Gilberto. O mundo que o português criou: aspectos das relações sociais e de cultura do Brasil com Portugal e as colônias portuguesas. São Paulo: É realizações, 2010.
GOMES, Mariana Selister. Gênero, Colonialidade e Migrações: uma análise de discursos institucionais sobre a “Brasileira Imigrante” em Portugal. Política & Sociedade, Florianópolis, Vol. 17 - Nº 38 - Jan./Abr. de 2018. p.404-439.
HINE, Christine. A internet 3E: uma internet incorporada, corporificada e cotidiana. Cadernos de Campo (São Paulo - 1991), São Paulo, Brasil, v. 29, n. 2, p. e181370, 2020. DOI: 10.11606/issn.2316-9133.v29i2pe181370.
LUGONES, Maria. Colonialidade e Gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.). Pensamento Feminista Hoje: Perspectivas Decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020. p.51-77.
MACHADO, Igor. Imigração em Portugal. Estudos Avançados, v. 20, n. 57, p. 119–135, maio, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142006000200010. Acesso em: 10/07/2024.
MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial - Raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas, Editora Da Unicamp, 2010.
OLIVEIRA, Catarina Reis de. Discriminação de base racial e étnica. In: Indicadores de integração de imigrantes: relatório estatístico anual. 1ª ed. Lisboa: Observatório das Migrações, 2023, p.303-326.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo et al. (Ed.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142.
POLIVANOV, Beatriz Brandão. Etnografia virtual, netnografia ou apenas etnografia? Implicações dos conceitos. Esferas, v. 1, n. 3, 2014.
SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da diferença e da identidade. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.); HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. 14. ed. Petrópolis - Rj: Editora Vozes, 2012, p.73-102.
SAYAD, A. Imigração ou os paradoxos da alteridade: São Paulo, Edusp, 1998.
VELHO, Gilberto. A Utopia urbana: um estudo de antropologia social. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1989, p.13.