O Grito de Goya em poetas portugueses: Sena, Amaral, Jonas e Braga
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v14i29.54671Palavras-chave:
Iconotexto, Pintura, Poesia Portuguesa Moderna e ContemporâneaResumo
Não raro, encontramos, na poesia portuguesa moderna e contemporânea, o diálogo com outras artes, em especial a pintura e a música. Fonte para poetas e filósofos, a arte pictórica por vezes engendra um pensamento que se detém na materialidade da tela, mas que pode expandir-se para outras veredas, principalmente quando se trata de uma obra que conserva elementos históricos determinantes para o nosso mundo ocidental. É este o caso da famosa tela de Francisco de Goya, de 1814, intitulada “Três de maio de 1808”, que adquiriu o status de emblema nacional espanhol, resguardando um grito que ecoa fortemente até os dias atuais. É, pois, diante do reconhecimento da importância desse quadro que alguns poetas vão escrever evocando a sua presença, num gesto dialógico produtivo para a poesia. Interessa a esta reflexão, portanto, analisar poemas de Jorge de Sena (“Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”), Ana Luísa Amaral (“Um pouco só de Goya: carta a minha filha”), Daniel Jonas (“Dos fuzilamentos da montanha do Príncipe Pío”) e Jorge Sousa Braga (“Cansados de estarem...”) que muito diretamente remetem à pintura de Goya, reverberando o seu grito mudo de diversas maneiras, tanto na condição de iconotextos (LOUVEL, 2006) quanto de documentos culturais que se debruçam sobre o indivíduo na modernidade.
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