O oceano índico, espelho de afetos e memórias na filmografia de Lara Sousa: reflexões sobre cinema e literatura em Moçambique

Autores

  • Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v14i29.54843

Palavras-chave:

Cinema, Moçambique, Lara Sousa, Fim, Kalunga

Resumo

A proposta deste artigo é, com base nos filmes Fim e Kalunga, da autoria da jovem cineasta moçambicana Lara Sousa, refletir acerca de alguns rumos da atual filmografia moçambicana, que, a partir das perspectivas do “cinema- -poesia”, de Pasolini, e do “documentário pós-moderno” definido por Bill Nichols, se afasta da cinegrafia militante praticada por cineastas da geração anterior, produzindo filmes subjetivos, desconstrutores de utopias sonhadas no passado. Em Fim, a ameaça da morte do pai, o consagrado cineasta Camilo de Sousa, faz Lara reavaliar utopias e o cinema-ação que caracterizou a atuação cinematográfica paterna no processo de descolonização de Moçambique. Em Kalunga, a memória dos poemas da tia-avó, Noémia de Sousa, propicia o repensar crítico de um oceano “Índico de desesperos e revoltas”.

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Biografia do Autor

Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professora Titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, aposentada da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Cientista do nosso Estado da FAPERJ; Pesquisadora do CNPq, bolsa de Produtividade PQ, nível 1 B. O presente artigo integra nosso projeto atual de pesquisa apoiado pela FAPERJ – Programa Cientista do Nosso Estado – e pelo CNPq.

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Publicado

2022-10-31

Como Citar

Tindó Ribeiro Secco, C. L. (2022). O oceano índico, espelho de afetos e memórias na filmografia de Lara Sousa: reflexões sobre cinema e literatura em Moçambique. Abril – NEPA / UFF, 14(29), 15-29. https://doi.org/10.22409/abriluff.v14i29.54843