Cais de angústia e saudade: o Brasil na escrita autobiográfica de Miguel Torga

Autores

  • Sarah Diva Ipiranga Universidade Estadual do Ceará
  • Bárbara Silva Teles de Menezes Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v11i22.29985

Palavras-chave:

Memória. Diário. Lugar.

Resumo

Miguel Torga (1907 – 1995) publicou seis volumes de memórias e dezesseis diários. Entre tantas lembranças, destaca-se o período em que viveu no Brasil (1919 - 1923), na fazenda dos tios, no interior de Minas Gerais. O desterro em terras brasileiras deixou marcas duradouras em sua vida e é recuperado em três livros: A criação do mundo: os dois primeiros dias (1937), o Diário VII (1956) e A criação do mundo: o sexto dia (1981). Diante das singularidades e das confrontações presentes nas duas primeiras narrativas, partimos para a investigação inicial dos modos específicos de recuperação do passado em textualidades diferentes: as memórias e o diário. A partir dessa modulação, o reencontro de eu do passado com o eu do presente possibilita uma série de reflexões que apontam para as diferentes percepções e escritas do mesmo fato e para as relações homem-natureza. Percebe-se, na análise, a intenção clara de um eu testemunhal que procura, na racionalização da experiência, a única forma de poder recuperá-la e expressá-la. No entanto, especificamente da escrita diarística, o eu permite a inserção de uma certa emotividade, que encontra no espanto momentâneo da vivência a possibilidade de vir à tona. Para subsidiar o caminho investigativo desse artigo, foi necessário o apoio das contribuições teóricas acerca da escrita autobiográfica, sobretudo de Georges Gusdorf, Paul Ricouer, Clara Rocha e Eugénia Vilela; e da análise existencialista da natureza através da Geografia Humanista proposta por Yi-Fu Tuan, dentre outras pesquisas.

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Biografia do Autor

  • Sarah Diva Ipiranga, Universidade Estadual do Ceará

    Professora Adjunta de Literatura Brasileira do Curso de Letras da Universidade Estadual do Ceará. Pós-Doutora em Literatura Brasileira - Centro de Estudos Comparatistas - Universidade de Lisboa (Infância, memória e formação na poesia de Jáder de Carvalho). Coordenadora do Grupo de Estudos AMI- Autobiografia, Memória e Identidade e responsável pelo Projeto de Pesquisa Mar de memória: um diálogo luso-brasileiro. Docente do Mestrado Profissional em Letras/ PROFLETRAS-UECE. Doutora em Educação Brasileira (UFC): Imagens da infância: criança, aprendizagem e formação nos contos de Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Mestre em Estudos Literários (UFMG): O mal da língua; violência e linguagem nos contos de Rubem Fonseca. Autora do livro O sol na palavra: a literatura cearense sob o signo solar.

  • Bárbara Silva Teles de Menezes, Universidade Federal do Ceará

    Bolsista CAPES. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará (PPGLetras - UFC). Graduada em Letras Português (Bacharelado) pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Pesquisadora do Grupo de Estudos AMI - Autobiografia, Memória e Identidade: margens do descobrimento (UECE). Atua na área de Literatura Comparada de Línguas Modernas, com ênfase nos seguintes temas: Literatura Portuguesa, Memória e Autobiografia.

     

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Publicado

2019-06-23

Como Citar

Cais de angústia e saudade: o Brasil na escrita autobiográfica de Miguel Torga. (2019). Abril – NEPA UFF, 11(22), 87-98. https://doi.org/10.22409/abriluff.v11i22.29985