(R) Evolução na prosa de António Lobo Antunes - tanatografia e a poética do caos

Autores

  • Daniel Mascarenhas Osiecki Kafka Ediçoes

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v17i34.65138

Palavras-chave:

Memória, Narrativa contemporânea, Literatura portuguesa, Tanatografia

Resumo

O presente artigo pretende relacionar os conceitos de tanatografia de Biagio D’Angelo, passando pelos conceitos de personagem abordados por Bakhtin, a narrativas do escritor português contemporâneo António Lobo Antunes. Os quatro romances analisados neste artigo, Auto dos danados (1985), O esplendor de Portugal (1997), Exortação aos crocodilos (1999) e A última porta antes da noite (2018), apresentam enredos bastante simples e circulares, porém é durante o processo de construção do discurso memorialístico, o qual é o leitmotiv das narrativas, que os narradores se inserem em labirintos temporais irredutíveis. O lembrar é fato causador de embates existenciais traumáticos, tais como a relação conflituosa entre o que os protagonistas veem no presente e o que lembram, fazendo, assim, seus relatos fortes elementos tanatográficos, ou seja, as narrativas são experiências relacionadas à escrita da morte. Nota-se nas narrativas antunianas um discurso intrincado que, simulando sua confusão mental, não provém respostas às suas indagações. Portanto, o presente trabalho busca destacar a memória tanatográfica como parte integrante da ficção, e a ficção como parte integrante da memória tanatográfica.

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Biografia do Autor

  • Daniel Mascarenhas Osiecki, Kafka Ediçoes

    Nasceu em Curitiba, em 1983. Escritor, editor e professor de literatura, publicou os livros Abismo (2009), Sob o signo da noite (2016), fellis (2018), Morre como em um vórtice de sombra (2019), Trilogia Amarga (2019), Fora de ordem (2021), 27 episódios diante do espelho (2021), Veste-me em teu labirinto (2022) e At­mosfera das grutas (2023). É editor da Kafka Edições. Mestre em Teoria Literária.

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Publicado

2025-06-29

Como Citar

(R) Evolução na prosa de António Lobo Antunes - tanatografia e a poética do caos. (2025). Abril – NEPA UFF, 17(34), 55-67. https://doi.org/10.22409/abriluff.v17i34.65138