“Falar” na polícia: história de uma traição
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v5i11.29661Palavras-chave:
Prisão, interrogatório, tortura, confissão, traiçãoResumo
De 28 de Maio de 1926 a 25 de Abril de 1974, Portugal viveu a mais longa ditadura europeia. Durante esse tempo, milhares de militantes anti-fascistas passaram pelas prisões da polícia política onde foram, muitas vezes, torturados, a fim de revelarem o que sabiam sobre as organizações em que militavam e contribuir, assim, para o seu desmantelamento. Sujeitos à tortura, incapazes de resistir, no jargão da época, “falaram na polícia”. Para lá de dar à polícia a possibilidade de provar, em tribunal, o seu envolvimento numa organização proibida, “falar na polícia” tinha como consequências a prisão de outros militantes e o afastamento da organização. Este artigo analisa a história de um desses militantes que, preso e torturado pela polícia política, PIDE, cede e, além de confessar a sua atividade e denunciar os seus camaradas, se torna um traidor. Pretende-se identificar a forma de atuação da polícia, a estratégia dos interrogatórios, a utilização da tortura, os mecanismos psicológicos que podem ter contribuido para a reversão ideológica do preso. Procura-se assim obter respostas para a pergunta “por que razão uma pessoa se aguenta e por que razão se não aguenta diante da polícia, durante a tortura?”.Downloads
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