Intertextualidade e memória literária: a leitura como prática de memória em Rui Knopfli

Resumo

Escrita e leitura são práticas indissociáveis, bastante íntimas e reveladoras de um profundo exercício de memória. Por mais pessoal que seja tal exer­cício, a memória sempre compartilha e associa fragmentos da esfera íntima com aspectos sociais e culturais. Por isso, quando pensamos na memória que é construída por intermédio das leituras de um indivíduo, temos vá­rias esferas de pensamento e reflexão sobre uma mesma realidade, ainda que transformada por seu olhar de leitor. Este trabalho pretende discutir o papel das memórias literárias na construção do universo poético do mo­çambicano Rui Knopfli, levando em consideração sua condição de “dester­ritorializado” e a necessidade de afirmar um local de pertença (a leitura) como passível de referência. Tal local de segurança se fortalece na junção da memória literária com a intertextualidade que ela provoca. Acredita­mos, assim, que as memórias literárias assumem o papel de local de per­tença para o sujeito poético do moçambicano, amenizando suas fraturas de naturalidade, afirmando e justificando a existência deste sujeito por meio de sua experiência de leitura.