Quando a prosa dança e a dança caminha
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v4i6.29748Palavras-chave:
Poesia-prosa, Dança, MarchaResumo
Para Paul Valéry, como o andar, a prosa segue o caminho da menor acção; a linha direita, e a poesia, como a dança, enquanto “sistema de actos”, não só não vai a lado nenhum, como se realiza em si mesma, institui a sua própria finalidade. Mas por que razão tem a prosa esse impulso comandado, impulsionado pelo desejo, e a poesia não, quando tantas vezes são uma só, e vice-versa? Enquadrando, na perspectiva coreográfica, conceitos como a marcha e a dança, a propósito de obras como as de Rainer Maria Rilke, Fernando Pessoa, António Vieira e Yvette K. Centeno, desenvolve-se, neste texto, a ideia de, amiúde, ser impraticável e inútil a distinção entre géneros. Mesmo sendo possível – e apesar de esta questão ter ocupado teóricos de todos os tempos – a que leva tal procedimento? Por que não pode a prosa ser dançável e a poesia caminhante? O ser que anda pode ou não ser um bailarino do inconsciente?
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