Branca de Neve, de Lídia Jorge: sobre mulheres e princesas

Autores

  • Veronica Prudente Costa Universidade Federal de Roraima (UFRR) https://orcid.org/0000-0002-2175-4165
  • Cátia Monteiro Wankler Universidade Federal de Roraima (UFRR)

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i26.48916

Palavras-chave:

Branca de Neve, Lídia Jorge, ESCRITA FEMININA, Violência

Resumo

Este artigo faz uma leitura intertextual da personagem Maria da Graça, do conto “Branca de Neve”, de Lídia Jorge, com a Branca de Neve do conto de fadas “Branca de Neve e os Sete Anões” dos Irmãos Grimm. Como suporte teórico, recorremos as relações dos contos de fadas com a psicanalise e a uma interface com os estudos de gênero. No conto clássico, a personagem principal e uma jovem, frágil, que “necessita” da proteção masculina, e injustiçada pela madrasta, mulher ciumenta e invejosa, mas forte e empoderada. Já Maria da Graça possui os dois lados do feminino dos contos de fadas: e forte, independente e ambiciosa como a “bruxa”, e inocente como a “princesa”, posto que não malda a atitude dos meninos que a seguem e, assim como Branca de Neve, ao se ver só, precisa lutar pela sobrevivência. A primeira conta com o apoio dos anões, enquanto a segunda e lesada pelos meninos, os “anões”. Em crônica de 2020, Lídia Jorge reflete sobre a importância de expor condições de desigualdade, violência e outras situações que inferiorizam as mulheres e ressalta a urgência dessa discussão, considerando que “a luta feminista e uma questão de equilíbrio para a humanidade”. O intertexto aqui abordado faz pensar nos desafios de Maria da Graça para ser bem-sucedida e que, como tantas mulheres “de carne e osso”, e independente e se estabelece com segurança num ambiente historicamente marcado pela predominância masculina. No entanto, ela não está isenta da violência, física ou simbólica, que espreita em cada canto.

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Biografia do Autor

Veronica Prudente Costa, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Doutora e Mestre em Literatura Portuguesa e Africanas (UFRJ). Professora Adjunta da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Professora permanente do Programa de Pós--Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH-UEA) e do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL-UFRR), do qual e Coordenadora. E Vice-Coordenadora dos grupos de pesquisa Estudos de literaturas e Identidades (UFRR), Africanidades e minorias sociais (UFRR) e Cátedra Amazonense de Estudos literários e da Cultura (UEA).

Cátia Monteiro Wankler, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Doutora em Teoria da Literatura (PUCRS). Mestre em Literatura Portuguesa (UFF). Professora Titular do Curso de Letras da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Docente Colaboradora do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH/UEA). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Estudos de Literaturas e Identidades (UFRR/CNPq). Membro da Cátedra Amazonense de Estudos Literários e da Cultura (UEA/CNPq).

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Publicado

2021-04-24

Como Citar

Costa, V. P., & Wankler, C. M. (2021). Branca de Neve, de Lídia Jorge: sobre mulheres e princesas. Abril – NEPA / UFF, 13(26), 43-53. https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i26.48916