“Flores recolhidas”, apesar de despedaçadas: uma análise da violência pela condição de ser mulher, através de um conto de Lídia Jorge
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v15i31.58678Palavras-chave:
Dominação Masculina, Violência física, Violência simbólica, Silenciamento, SororidadeResumo
Este artigo objetiva analisar as violências representadas e denunciadas, a partir do conto As três mulheres sagradas, de Lídia Jorge (2014). No conto em análise, surge o desconserto da prática do aborto e de uma instituição de solidariedade, nomeada “Flores recolhidas”, que tenta ajudar futuras e jovens mães. Na narrativa são apresentadas quatro personagens femininas importantes: Vera, líder da associação; Julinha Moreira e Dinah, que são duas colaboradoras; e Margarida, jovem grávida de um estupro que foi recolhida e transformada em garota propaganda da instituição. Na seara da análise, constatamos as representações da violência física e da simbólica do silenciamento, das personagens Vera e Margarida. É importante destacar que Lídia Jorge retrata personagens complexas e multifacetadas, que vão além de simples representações de fragilidade e passividade. Suas obras frequentemente exploram a condição humana em todas as suas nuances, incluindo as diferentes maneiras pelas quais os sujeitos femininos lidam com suas fragilidades e encontram formas de resistência diante de adversidades. Para tanto, foi necessário mobilizar as contribuições teóricas de: Derrida (2014) e Todorov (2009), no campo da relação do discurso ficcional e real; de Michaud (1989), no que se refere ao conceito de violência; de Bourdieu (2012), para refletir sobre a dominação masculina; de Butler (2018) e Beauvoir (2009), com ponderações sobre o gênero feminino; e Fernandes (2021), no tocante a sororidade.
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