EDITORIAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/mov.v7i13.43960

Palavras-chave:

Educação e Povos Indígenas. Disputas Étnico Políticas. Processo Educativos Indígenas.

Resumo

O texto apresenta dados atualizados do quadro de escolarização indígena no Brasil, questionando as desigualdades e as distorções no seu processo de implantação. Ele mostra que a precariedade de boa parte das escolas indígenas no país é inegável. Há, entretanto, alguns processos educativos em curso no âmbito de algumas experiências comunitárias indígenas. Dentre eles, cita o movimento indígena contemporâneo que continua mostrando sua vitalidade, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e todas as organizações indígenas que a compõe, responsáveis por trazer as questões dos direitos indígenas para a pauta nacional. O presente artigo também enumera três categorias de análise que podem sustentar as condições para as escolas indígenas se constituírem em um espaço de resistência/autonomia ou de subordinação/dominação: a) Ter um projeto de sociedade pensado e construído coletivamente; b) O modelo de interculturalismo adotado para suas relações e c) A política linguística adotada pela comunidade e pela escola. Por fim, alerta para o avanço do ultraliberalismo e do fascismo nas políticas que atacam os povos tradicionais e aponta também iniciativas contra-hegemônicas em curso.

 

EDUCATIONAL PROCESSES AND INDIGENOUSPEOPLES: meanings, practices and ethnopolitical disputes in the contemporary context

 

 ABSTRACT

 

The text presents updated data from the indigenous schooling framework in Brazil, questioning the inequalities and distortions in its implementation process. He shows that the precariousness of most indigenous schools in the country is undeniable. There are, however, some educational processes underway in the context of some indigenous community experiences. Among them, it cites the contemporary indigenous movement that continues to show its vitality, such as the  Articulation of Indigenous Peoples of Brazil  (APIB) and all the indigenous organizations that compose it, responsible for bringing indigenous rights issues to the national agenda. This article also lists three categories of analysis that can sustain the conditions for indigenous schools to constitute a space of resistance/autonomy or subordination/domination: a) Having a society project thought and constructed collectively; b) The model of interculturalism adopted for their relations and  c) The linguistic policy adopted by the community and the school. Finally,  it warns of the advance of ultraliberalism and fascism in policies that attack traditional peoples and also points to ongoing counter-hegemonic initiatives.

Keywords: Education and Indigenous Peoples. Ethnic Political Disputes. Indigenous Educational Process.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Domingos Barros Nobre, Universidade Federal Fluminense

Domingos Barros Nobre é doutor em Educação pela Universidade Federal Fluminense, professor associado do Instituto de Educação de Angra dos Reis da Universidade Federal Fluminense (IEAR/UFF), coordenador do Grupo de Pesquisa Espaços Educativos e Diversidades Culturais e coordenador pedagógico do Curso de Magistério Indígena, através de Acordo de Cooperação Técnica entre UFF e SEEDUC-RJ. Possui pós-doutorado em Educação e Cultura Indígena no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL/UNICAMP) e pós-doutorado em Linguística sobre Ensino de Língua Guarani na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Referências

BUSQUETS, María Bertely. Enfoques postcoloniales y movimiento político y pedagógico intercultural en y desde Chiapas, México. In: Enfoques Postcoloniales. Relaciones, n. 141, invierno, p. 75-102, 2015.

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO (CIMI). Congresso Anti-Indígena. Os Parlamentares Que Mais Atuaram Contra os Direitos Indígenas, 2018. Disponível em: https://cimi.org.br/wp-content/uploads/2018/09/congresso-anti-indigena.pdf

D’ANGELIS. Wilmar. A Situação Atual das Línguas Indígenas Brasileiras (Mesa Redonda). In: IX ELESI – Encontro Sobre Leitura e Escrita em Sociedades Indígenas, 2010.

D’ANGELIS. Wilmar. Relatório Curso de Formação de Educadores Kaingang. Aldeia de Votouro: CGAEI/MEC. Mimeo, 2001

GASCHÉ, Jorge. Las Motivaciones Políticas de la Educación Intercultural Indígena. ¿Hasta Dónde Abarca la Interculturalidad? In: GASCHÉ, Jorge; BERTELY BUSQUETS, Maria; MODESTA, Rosana. (coords.). Educando en la Diversidade: Investigaciones y Experiências Educativas Interculturales y Bilingües. Quito, Ecuador: Abya-Yala, CIESAS, IIAP, 2008.

GASCHÉ, Jorge. Niños, Maestros, Comuneros y Escritos Antropológicos Como Fuentes de Contenidos Indígenas Escolares y la Actividad Como Punto de Partida de los Procesos Pedagógicos Interculturales: Un Modelo Sintáctico de Cultura. In: GASCHÉ, Jorge; BERTELY BUSQUETS, Maria.; MODESTA, Rosa (coords.). Educando en la Diversidade: Investigaciones y Experiências Educativas Interculturales y Bilingües. Quito: AbyaYala, CIESAS, IIAP, 2008a.

GRAMSCI, Antonio. Cardernos do Cárcere. Vol. 3 Maquiavel. Notas Sobre o Estado e a Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

KRENAK, Ailton. Idéias Para Adiar o Fim do Mundo. Companhia das Letras. São Paulo, 2019.

NOBRE, Domingos. Resistência e Subordinação nas Armadilhas da Escola Indígena: Autonomia é Possível? In: Coletânea “Educação e Territorialidade”. Programa de Mestrado Interdisciplinar Educação e Territorialidade - PPGET – FAIND – UFGD - Dourados – MS. 2020

NOBRE, Domingos. Os Deveres do Estado no Fortalecimento de Línguas Indígenas. In: D’ANGELIS, Wilmar; NOBRE, Domingos (orgs.). Experiências Brasileiras em Revitalização de Línguas Indígenas. Campinas: Ed. Curt Nimuendaju. 2020a. (no prelo).

RODRIGUES, Fernanda Castelano. A Noção de Direitos Linguísticos e Sua Garantia no Brasil: Entre a Democracia e o Fascismo. Língua e Instrumentos Linguísticos, n. 42, Jul., Campinas, 2018

TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz. Escola Indígena: Novos Horizontes Teóricos, Novas Fronteiras de Educação. In: SILVA, Aracy Lopes da; FERREIRA, Mariana Kawall Leal (orgs.). Antropologia, História e Educação. A Questão Indígena e a Escola. São Paulo: Global, p. 44-70, 2001.

TUBINO, Fidel. Del interculturalismo funcional al interculturalismo crítico. Lima: Red PUCP, 2004. Disponível em www.pucp.edu.pe/ invest/ridei/pdfs/inter_funcional.pdf.

WALSH, Catherine. Interculturalidad crítica y educación intercultural. In: VIAÑA, Jorge; TAPIA, Luis; WALSH, Catherine. Construyendo interculturalidad crítica. La Paz: Convenio Andrés Bello, p. 75-96, 2010. Disponível em: http://www.uchile.cl/documentos/interculturalidad-critica-y-educacion intercultural_150569_4_1923.pdf. Acesso em: 15 jun. 2020.

Publicado

2020-08-07

Como Citar

Nobre, D. B. (2020). EDITORIAL. Movimento-Revista De educação , 7(13). https://doi.org/10.22409/mov.v7i13.43960