DESAFIOS E AVANÇOS PARA A ESTRUTURAÇÃO DE UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA DE VISITAÇÃO EM ÁREAS PROTEGIDAS

Autores

  • Douglas de Souza Pimentel Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal Fluminense https://orcid.org/0000-0002-8025-1891
  • Marcelo Derzi Vidal
  • Susy Rodrigues Simonetti
  • Camila Gonçalves de Oliveira Rodrigues
  • Sônia Maria Sfair Kinker
  • Alba Valéria Santos Simon
  • Eloise Silveira Botelho

Resumo

A Comunidade de Prática é formada por um grupo de pessoas com interesses comuns em um determinado assunto, que se reúnem periodicamente e estão conectados por algum tipo de comunicação virtual, para compartilhar conhecimento e aplicá-lo, estabelecer parcerias, desenvolver projetos, entre outras iniciativas. Nesse caso, o interesse comum é a visitação em áreas protegidas. O College of Forestry and Conservation of the University of Montana instituiu, desde 2013, uma parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e da United States Agency for International Development (USAID), com o objetivo de fomentar a criação de uma rede - comunidade de prática - para educação, treinamento e pesquisa destinada a apoiar o manejo de áreas protegidas no Brasil. A parceria foi consolidada entre universidades brasileiras e dos Estados Unidos da América (EUA), e agências de gestão de áreas protegidas brasileiras. Definiu-se que o objetivo primordial dessa comunidade de prática seria a colaboração entre pesquisadores e gestores de Unidades de Conservação (UC) para o desenvolvimento de pesquisas sobre a visitação nessas áreas, além de estimular a utilização de dados e informações gerados pela parceria como subsídio para o planejamento e o manejo da visitação. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise dos encontros desta rede, sistematizando os desafios enfrentados na estruturação e funcionamento do que se denominou Encontro da Comunidade de Prática de Visitação em Áreas Protegidas (ECPVAP). A metodologia envolveu a análise de conteúdo dos relatórios disponíveis dos Encontros. Dentre os desafios elencados nos encontros, destaca-se o estabelecimento de estratégias para uma maior conexão, envolvimento, comunicação e relacionamento entre os visitantes e habitantes das áreas de abrangência das UC. No que diz respeito às linhas de atuação da comunidade, o tema referente ao “manejo” foi a que apresentou uma maior diversidade de tópicos que devem ser trabalhados. Ficou evidente  que os objetivos e a função da comunidade estão bem definidos. Contudo, os membros do grupo continuam refletindo e buscando caminhos para superar alguns desafios para executar o planejamento das ações. Com relação ao perfil da comunidade, identificou-se que há maior proporção de participantes da região Sudeste, indicando a necessidade de se ampliar a participação de pesquisadores e gestores de outras regiões do país. Constatou-se que a participação de gestores aumentou entre o primeiro e terceiro encontros, mas diminuiu nos dois encontros seguintes. Quando houve maior presença de gestores, questões sobre o manejo foram o foco. Por fim, destaca-se que dentre os temas elencados para atuação conjunta entre gestores e pesquisadores, não houve aprofundamento sobre os temas da educação e interpretação ambiental.

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Biografia do Autor

Douglas de Souza Pimentel, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal Fluminense

Sou professor do Departamento de Ciências da Faculdade de Formação de Professores da UERJ desde 1997 e do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense desde 2010. Pesquiso na área de uso público em unidades de conservação focando em avaliação de impactos, bem como interpretação e educação ambiental.

Marcelo Derzi Vidal

Analista Ambiental. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais - CNPT/ICMBio. Doutor em Biodiversidade e Conservação.

Susy Rodrigues Simonetti

Professora adjunta do Curso de Bacharelado em Turismo e do Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas - PPGICH, ambos da Universidade do Estado do Amazonas - UEA e do Mestrado Profissional em Gestão de Áreas Protegidas - MPGAP/INPA.

Camila Gonçalves de Oliveira Rodrigues

Professora Associada. Departamento de Administração e Turismo. Programa de Pós-Graduação em Práticas em Desenvolvimento Sustentável. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Doutora em Política e Gestão Ambiental.

Sônia Maria Sfair Kinker

Analista Ambiental. Parque Nacional da Tijuca - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (PNT/ICMBio). Doutoranda em Sociedade e Conservação pela Universidade de Montana/EUA.

Alba Valéria Santos Simon

Professora visitante do Programa de Pós Graduação em Ecoturismo e conservação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Eloise Silveira Botelho

Doutora em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção (COPPE/UFRJ). Professora Adjunta do Departamento de Turismo. e Patrimônio. Programa de Pós-Graduação em Ecoturismo e Conservação. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Referências

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Publicado

2021-03-11