Mães, agências e formas de resistências: jovens privados de liberdade nos centros socioeducativos de Fortaleza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/ziz.v1i1.51694

Palavras-chave:

Mães, Centros socioeducativos, Resistências

Resumo

Este trabalho busca compreender a atuação de mães que se organizaram e formaram um grupo para conseguir lutar pelos direitos dos filhos, jovens em privação de liberdade nos centros socioeducativos da cidade de Fortaleza (CE). A partir desse cenário, destaco que duas mães interlocutoras da pesquisa são mulheres moradoras de localidades periféricas da cidade, autodeclaram-se pardas e/ou negras e têm suas experiências elaboradas por situações de violência. A partir da pesquisa de campo entre 2016 e 2020, busco entender como o grupo surgiu e como as mães conseguiram se organizar e se articular. Como recurso metodológico, debrucei-me sobre as experiências das mães, apropriando-me de duas principais técnicas: entrevistas em profundidade e observação participante. Destaco que a pesquisa possibilitou compreender as disputas que atravessam o acionamento do termo “mãe”. Tais disputas envolvem implicações morais em torno dos significados de mãe, precipitadas a partir de relações de poder e expressão de emoções que norteiam as interações entre os sujeitos implicados nas situações de privação de liberdade descritas ao longo do trabalho.

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Biografia do Autor

Ingrid Lorena Silva Leite, Universidade Estadual do Ceará

Ingrid Lorena  Silva Leite
Assistente Social -8702 / Cress- 3ª Região
Especialista em Serviço Social, Direitos Sociais e P. Públicas (UECE) 
Mestre em Sociologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE) 
Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Desigualdades Sociais, Territórios e Margens Urbanas (GEP Margens)
Contato: lorenaleitte17@gmail.com / (85) 997873696

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Publicado

2022-02-02

Como Citar

Silva Leite, I. L. (2022). Mães, agências e formas de resistências: jovens privados de liberdade nos centros socioeducativos de Fortaleza. ZIZ - Revista Discente De Ciência Política, 1(1), 66-89. https://doi.org/10.22409/ziz.v1i1.51694