Prorrogação de Prazo - Chamada para o Dossiê “Crises e reparações: práticas e políticas em torno do ativismo das vítimas e da antropologia do Estado”
O dossiê pretende reunir análises antropológicas sobre os sentidos, as dinâmicas e os efeitos de práticas e políticas de reparação que são demandadas e/ou elaboradas em momentos socialmente definidos como “críticos”. A publicação acolherá artigos que proponham reflexões antropológicas sobre práticas e políticas de reparação em contextos transnacionais, nacionais ou locais, dialogando com os campos de estudos sobre formas de mobilização social e ativismo e com a antropologia do Estado. Formas de mobilização social e de luta por “justiça” centradas na figura contemporânea da “vítima” têm sido analisadas de forma bastante produtiva na Antropologia, contribuindo para a compreensão de processos de vitimização como construções sociais, políticas e morais em que emoções, laços de sangue, denúncias públicas, saberes especializados e demandas por reconhecimento são mobilizados de formas múltiplas e com efeitos variados. Serão aceitas contribuições tanto sobre os marcos conceituais que têm sido mobilizados para pensar as políticas de reparação na Antropologia, quanto sobre casos específicos que têm sido analisados a partir de perspectivas etnográficas voltadas para lutas e demandas desatadas a partir de eventos críticos, bem como para a gestão de problemas públicos relacionados às experiências das “vítimas”. Ainda, serão acolhidos trabalhos que discutam as especificidades e os desafios metodológicos e éticos do engajamento etnográfico tanto com lutas e demandas por reparação de interlocutores/as de pesquisa dos/as autores/as, quanto com agentes públicos e diferentes especialistas envolvidos com a elaboração e implementação de políticas de reparação.
Nas últimas décadas no cenário internacional vê-se a multiplicação de eventos e situações de crise que geram diversos tipos de sofrimento, vulnerabilidade e dano que tornam necessária alguma forma de recomposição dos mundos, relações, sujeitos e/ou contextos afetados. Diante desses eventos e situações de crise, configuram-se processos de reparação que apresentam como componentes cruciais formas de ativismo e mobilização social de vítimas e/ou de seus familiares; a expertise de agentes, campos de conhecimento e instituições variados; e a existência de um cenário nacional e internacional em que determinadas práticas e medidas são vistas como formas adequadas de recomposição de vidas, subjetividades, corpos, identidades e projetos de futuro diante dos sofrimentos, vulnerabilidades e danos sofridos.
O dossiê visa discutir práticas e processos contemporâneos de reparação que resultaram de situações críticas diversas, como desastres naturais ou tecnológicos, crises sanitárias e ambientais ou diferentes formas de violência individual ou coletiva, e que podem envolver um conjunto bastante amplo de vítimas, ativistas, agentes públicos e especialistas tanto em sua elaboração e dinâmica de implementação, quanto em eventuais disputas que atravessem cada caso ou temática específica analisada. Buscamos fomentar reflexões e análises críticas sobre o tema das reparações em sentido amplo e sobre suas relações com as dimensões subjetivas, afetivas, políticas e estatais.
Nesse sentido, alguns eixos possíveis dessa chamada são:
1) Estudos de casos de diferentes naturezas que envolvam reparações, vinculados às práticas estatais (violência de estado, tragédias e catástrofes socioambientais, violações de direitos que envolvem agentes ou órgãos públicos etc) e/ou também empresas privadas ou consorciadas;
2) Análises sobre lutas políticas e causas públicas através das quais se exige reparação e reconhecimento, especialmente sob o uso da categoria “vítima”;
3) Reflexões sobre as diferentes configurações sobre reparação (simbólica, econômica, moral, psicológica, estética, entre outras possíveis) e sua articulação com categorias como dano, trauma, sofrimento, valor, memória, justiça etc.;
4) Análises sobre a experiência de profissionais envolvidos no universo das reparações, bem como sobre saberes e técnicas empregadas (formas de mensuração do dano, perícias técnicas, medições de risco e de vulnerabilidade etc.);
5) Reflexões sobre os sistemas transnacionais, nacionais ou locais de reparação e/ou mitigação de danos, violências e violações;
6) Análises sobre especificidades metodológicas e implicações éticas do engajamento etnográfico com lutas e demandas coletivas por reparação e/ou com a elaboração e implementação de políticas de reparação.
O dossiê será composto de 6 artigos mais a apresentação. Assim, considerando os critérios de avaliação imposto às revistas científicas, serão selecionados 3 artigos de doutorandos, os demais artigos devem ter autoria de, ao menos, um doutor. Todos os artigos submetidos serão submetidos à avaliação às cegas de pareceristas externos, atendendo à política da revista. Para dar conta da diversidade de abordagens teóricas e metodológicas dos diferentes campos empíricos e problemáticas a serem debatidos, serão aceitos, preferencialmente, artigos das áreas de Antropologia e Ciências Sociais, observados os parâmetros de exogenia em relação à UFF.
Organizadores: Letícia Carvalho de Mesquita Ferreira (UFRJ), Diego Zenobi (UBA/CONICET) e Paula Mendes Lacerda (UERJ).
Prazo estendido: 28/11/2022.
OBS: Como temos outras chamadas abertas, é imprescindível indicar durante a submissão, no campo comentários aos editores, que o artigo é para o Dossiê “Crises e reparações: práticas e políticas em torno do ativismo das vítimas e da antropologia do Estado”.
As contribuições podem ser enviadas até 28 de novembro de 2022 pelo sistema eletrônico da revista: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions
As normas para submissão dos textos são as mesmas válidas para artigos e encontram-se disponíveis em: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions