PRORROGAÇÃO Chamada para o Dossiê “Juventudes, estéticas e políticas ante os desafios do século XXI”
Apresentação
A proposta deste dossiê surge do amadurecimento das discussões que vem sendo realizadas pelos proponentes e suas redes de pesquisa envolvendo países da ibero-américa e países africanos de língua portuguesa, em torno do tema “juventudes, estéticas e políticas”, principalmente a partir dos painéis organizados por ambos nas últimas três edições do Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia (2016 a 2022) e nas últimas edições do Congresso da associação AIBR (Antropólogos Ibero-americanos em Rede). Em especial, destacamos o enfoque dado ao último painel na APA, ocorrido em setembro de 2022, em Évora, Portugal, no qual a ênfase dos trabalhos se deu sobre o cenário de crise econômica, social, política e sanitária vivenciado pelas juventudes no presente e suas formas de experimentar nova realidades geracionais e de agir e reagir a partir de agências estéticas, ainda pouco estudadas em novos termos, novos meios e novos contextos, principalmente quando mediadas pela precarização, pelo digital, pela crise sanitária e a ascensão política da extrema direita.
Justificativa
As culturas juvenis e as suas expressões estéticas são fenômenos de extrema relevância à compreensão dos jovens como sujeitos políticos, como foi estudado de modo inaugural nos anos setenta, quando da publicação da obra Resistance Rituals (1975). Desde então, novas perspectivas, novos tempos e novas áreas geográficas passaram a observar também a globalização do fenômeno e o seu caráter processual, através de novos protagonistas, novas categorias e novas pautas de disputa.
Incentivados pelos novos dispositivos digitais, os jovens do presente promovem trocas econômicas e simbólicas que desafiam o controle estatal e o estatuto de subalternidade que lhes é imposto, principalmente quando se trata de uma juventude desfavorecida e racializada. Perante um século de incertezas, as intervenções estéticas e políticas dos jovens são bastante profícuas para problematizar as profundas mudanças que estamos a viver em relação às sociabilidades, às identidades, às relações intergeracionais, aos afetos, ao consumo, às desigualdades sociais e raciais, às resistências e às mobilizações artístico-ativistas.
Com a finalidade de adensar o debate sobre as transformações nos modos de fazer juvenis, buscamos trabalhos que apresentem análises etnográficas que contemplem diferentes regiões da ibero-américa e de África e a relação entre juventudes, estéticas e políticas, dialogando com alguns dos desafios do presente século: precariedade, migrações, racismo, destruição do Estado social, ascensão do populismo, vigilância, comportamento digital, crise climática, pandemia, saúde mental.
Como resultados esperados, pretendemos apontar tendências e hipóteses para onde caminham as culturas juvenis no século XXI. Neste sentido, alguns dos eixos possíveis dessa chamada são:
- Estudos de caso de diferentes culturas juvenis reveladores das práticas quotidianas dos jovens em termos de sociabilidade, estilos de vida, práticas artísticas e estéticas.
- Análises sobre os sentidos sociais, políticos e culturais mobilizados pelos jovens através das suas práticas artísticas, engajamentos políticos e intervenções estéticas.
- Reflexões sobre a dimensão política da arte, bem como da participação dos jovens na esfera política em prol de diversas causas: ambiente, antirracismo, gênero, LGBTQIA+, habitação, emprego, etc.
- Reflexões sobre as aprendizagens, trocas e tensões intergeracionais proporcionadas por múltiplas formas de produção estética, que considerem também perspectivas interseccionadas.
- Estudos sobre processos de identificação juvenis e sobre como os bens materiais e simbólicos são mobilizados, significados e disputados através de diferentes expressões estéticas.
- Reflexões sobre cidadania, políticas públicas e juventudes implicadas pela lógica da criatividade, da produção artística e estética, seus processos de constituição e seus efeitos sob a realidade social e a conquista de autonomia como sujeitos por parte dos jovens.
O dossiê será composto de 6 artigos mais a apresentação. Assim, considerando os critérios de avaliação imposto às revistas científicas, poderão ser selecionados 3 artigos de doutorandos, os demais artigos devem ter autoria de, ao menos, um doutor. Todos os artigos submetidos serão submetidos à avaliação às cegas de pareceristas externos, atendendo à política da revista. Para dar conta da diversidade de abordagens teóricas e metodológicas dos diferentes campos empíricos e problemáticas a serem debatidos, serão aceitos, preferencialmente, artigos das áreas de Antropologia e Ciências Sociais, observados os parâmetros de exogenia em relação à UFF.
Organizadores: Frank Marcon (UFS-BR) e Otávio Raposo (CIES/Iscte-PT).
Prazo estendido: 01/10/2023.
OBS: Como temos mais de uma chamada aberta, faz-se obrigatório indicar no campo ‘Comentários aos editores’ que a submissão é para o Dossiê “Juventudes, estéticas e políticas ante os desafios do século XXI”.
As contribuições podem ser enviadas até 01 de outubro de 2023 pelo sistema eletrônico da revista: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions
As normas para submissão dos textos são as mesmas válidas para artigos e encontram-se disponíveis em: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions