Chamada para o Dossiê “Condomínios e cidades: dimensões sociais do habitar”

2024-12-09

Condomínios são espaços coletivos de habitação, caracterizados pela presença de áreas comuns a seus residentes, que eventualmente também compartilham alguns serviços. Esses espaços podem ser classificados segundo suas formas: verticais, na condição de prédios e edifícios, ou horizontais, na disposição de casas em um mesmo terreno. Também podem ser considerados de pequeno, médio ou grande porte, conforme a infraestrutura disponível, podendo contar com variadas opções de lazer como piscinas, quadras esportivas, salões de festas, entre outros. No Brasil, os condomínios costumam ter como principal característica o controle de acesso e segurança, compreendendo a instalação de sistemas de monitoramento e vigilância, fazendo uso de medidas de restrição às áreas internas ao condomínio e assim contrastando à vida comunitária de parte das gated communities norte-americanas.

Os condomínios eram inicialmente reconhecidos como equipamentos de moradia das classes média e alta. No entanto, nas últimas duas décadas, programas governamentais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha casa minha vida (MCMV) adotaram o formato de condomínio para a construção de habitações populares urbanas, inclusive àquelas que eram utilizadas como medida compensatória para moradores removidos de favelas. Algumas investigações apontam os desafios da adesão dos mais pobres a esse modelo de moradia, assim como os constantes conflitos e negociações resultantes nas edificações desses programas. Outras pesquisas apontam para a adoção do modelo condominial em espaços de ocupação, objetivando, por meio dessa organização, uma representação do espaço menos estereotipada, que permita, entre outras coisas, regularizar o uso da moradia.

O fenômeno da habitação em condomínios tem se tornado cada vez mais presente nas cidades do mundo e é especialmente presente no contexto urbano brasileiro, de igual maneira se consolidando enquanto interesse de estudo de diferentes áreas do conhecimento. Dessa forma, "problemas de condomínio" têm suscitado olhares atentos de pesquisas para múltiplas questões: o tema da gestão desses espaços, os conflito que envolvem seus moradores, os impactos desses residenciais para o urbanismo contemporâneo e seus efeitos nas formas de sociabilidade urbana são algumas das perguntas levantadas em torno dessas dimensões sociais do habitar.

Esperamos receber artigos que abordem a temática de forma interdisciplinar, dialogando com diferentes áreas do conhecimento e contribuindo para o avanço do debate sobre condomínios e formas de habitação em espaços coletivos, explorando as dimensões urbanas desse fenômeno.

Considerando os critérios de avaliação imposto às revistas científicas, poderão ser selecionados 50% artigos de doutorandos, os demais artigos devem ter autoria de, ao menos, um doutor. Todos os artigos submetidos serão submetidos à avaliação às cegas de pareceristas externos, atendendo à política da revista. Para dar conta da diversidade de abordagens teóricas e metodológicas dos diferentes campos empíricos e problemáticas a serem debatidos, serão aceitos, preferencialmente, artigos das áreas de Antropologia e Ciências Sociais, observados os parâmetros de exogenia em relação à UFF.

Organizadores: Wellington da Silva Conceição (UFMA/Brasil), Caroline Martins de Melo Bottino (UERJ/Brasil), Frank Andrew Davies (UERJ/Brasil) e Mariana Cavalcanti (UERJ/Brasil).

Prazo: 10/03/2025.

OBS: Como temos mais de uma chamada aberta, faz-se obrigatório indicar no campo ‘Comentários aos editores’ que a submissão é para o Dossiê “Condomínios e cidades”.

As contribuições podem ser enviadas até 10 de março de 2025 pelo sistema eletrônico da revista: https://periodicos.uff.br/antropolitica/about/submissions#onlineSubmissions