A hospitalidade em Paris e Buenos Aires: seguindo consumidores de vinho para além do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2020.0i48.a42118Palavras-chave:
Consumo, Vinho, Hospitalidade, Paris, Buenos Aires.Resumo
O objetivo desse artigo é apresentar como a experiência de trabalho de campo internacional contribuiu para o fazer etnográfico da minha tese de doutorado, que propôs compreender o processo de consumo de vinho de um grupo de pessoas das camadas médias e altas do Rio de Janeiro. Diante das especificidades desse consumo e do meu envolvimento anterior com o objeto de estudo, realizar parte da pesquisa no exterior se tornou tanto estratégia de estranhamento ao familiar como também uma consequência do objetivo de seguir o vinho e seus consumidores de acordo com representações que iam além das fronteiras nacionais. A partir de oportunidades trazidas pelo departamento de antropologia do meu doutorado, pude realizar uma imersão em Paris de nove meses e uma pesquisa exploratória em Buenos Aires de três meses, totalizando um ano fora do país. Tais experiências se tornaram centrais na interpretação dos dados etnográficos, principalmente porque, uma vez vivenciada a hospitalidade enquanto estrangeira nesses países, pude entender como a teoria da hospitalidade era “chave” para a compreensão do meu trabalho de campo no Rio de Janeiro. Isto é, os consumidores de vinho cariocas, ao perceberem o vinho como algo “estrangeiro”, criam relações de hospitalidade com especialistas que trabalham no comércio e que os socializam naquilo que chamam de “cultura do vinho”.
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