Economias-Políticas Marginais: Produtividade Policial, Vizinhanças Radicais e a (Re)Produção Cotidiana das Desigualdades em uma Favela de Niterói-RJ
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2020.i50.a42704Palavras-chave:
Polícia, Favela, Desigualdade, Cotidiano, NiteróiResumo
Qual é a política da segurança, para além da política de segurança pública? A polícia justifica sua existência profissional pela atribuição de fiscalizar e garantir a adesão dos indivíduos a um determinado regramento, seja ele legal ou consuetudinário. A lei, entretanto, não é capaz de antever todas as condutas concretas dos sujeitos, e a polícia, por sua vez, também não é sua mera replicadora. Seu espectro de intervenção (o que a polícia de fato faz) supera de longe o argumento que justifica a legalidade de suas ações e seus objetivos manifestos. No caso do Morro do Palácio, uma favela de Niterói, busquei apresentar os efeitos de repercussão da atuação policial para além de suas consequências imediatas sobre o cotidiano da favela, explorando sua dimensão política e seus potenciais rendimentos econômicos, entre o legal e ilegal. Nesse sentido, busquei destacar o papel da segurança no funcionamento de dispositivos de reprodução da estrutura das desigualdades e seus rituais de desigualação em sua operação insidiosa sob o manto da democracia participativa brasileira. Essas forças de conservação na mudança, trabalhando fortemente ancoradas no cotidiano palaciano, participavam da (re)produção do status quo da desigualdade social e da exclusão na cidade de Niterói. Em última análise, como mais tarde se tornou claro, a interação dessas forças resultava em uma elaborada técnica de governo, uma economia que tinha seu lado visível, beneficiando oligarquias políticas e econômicas, mas também jogava uma mão oculta nas sombras da ilegalidade, criando um ambiente lucrativo para todos os tipos de oportunistas da insegurança.
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