Tecnologias que afetam: os usos cotidianos dos artefatos eletrônicos em uma perspectiva etnográfica
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2017.1i42.a47086Palavras-chave:
Inclusão digital. Classes populares. Etnografia.Resumo
Este artigo analisa o resultado de atividades etnográficas em uma vila de Porto Alegre realizadas desde 2006. Optamos por descrever a trajetória da família Silva e a forma como os artefatos tecnológicos (especificamente computadores, tablets e celulares) afetam suas vidas e também a nossa enquanto pesquisadores. Pretendemos discutir a “inclusão digital”, tema que no início do século era uma espécie de “chave” para o desenvolvimento de comunidades de baixo poder aquisitivo. Apostava-se na ideia de que uma ampliação massiva do número de equipamentos e usuários era uma forma de promover também inclusão social. Após uma década, o resultado é que o pouco de desenvolvimento tecnológico que se vê no lugar é fruto de interações que acontecem à margem das ações e políticas
governamentais, muitas vezes tensionando as fronteiras entre o legal e ilegal. A utilização desses artefatos se fez através de processos individuais, entre vizinhos articulados em circuitos de trocas, e através de redes que captam doações (equipamentos descartados) e que fomentam o desenvolvimento dessas formas de fazer local. Essas práticas produzem os fuçadores, que são os “técnicos” locais. Além disso, com os circuitos de trocas e as redes sociais (via gatonet), percebemos que essas tecnologias fizeram com que vizinhos que praticamente não se relacionavam fizessem contato. As redes sociais no contexto local aproximaram pessoas que estavam fisicamente próximas, mas que simplesmente não se falavam. Por outro lado, com a ausência de políticas públicas, apesar dos conhecimentos em tecnologia, a nova geração tem muita dificuldade em conseguir emprego fora da vila, pois, ainda que incluídos digitalmente, permanecem excluídos socialmente.
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