Corpos negros, torres brancas: cidade e racismo em pandemia
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2022.i3.a51935Palavras-chave:
Racismo, Cidade, Pandemia, Covid-19.Resumo
Em 2 de junho de 2020, o menino Miguel Otávio caiu do nono andar de um edifício no centro do Recife, após ser deixado sozinho no elevador por Sari Côrte Real, patroa de sua mãe, Mirtes de Souza, empregada doméstica. No presente artigo, nós buscamos tematizar analiticamente duas controvérsias que, logo após o incidente, passaram a ocupar redes sociais e veículos de comunicação, demarcando as diferentes leituras sobre a morte de Miguel e a culpabilização ou não de Sari: a) o lugar onde a morte aconteceu, um prédio de luxo envolto nos recentes conflitos pela política urbana no Recife; e b) a presença de racismo no caso. Considerando que a experiência da pandemia de Covid-19 não apenas atinge desigualmente sujeitos e populações, mas oportuniza o acionamento, a atualização e a explicitação de relações de poder e domínio, valemo-nos do acompanhamento das narrativas em torno do caso na imprensa e nas redes sociais, sobretudo através da hashtag #justicapormiguel.
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