E-sisters: irmandade digital entre corpos-sujeitos para retirada do dispositivo de esterilização Essure®
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica.i.a56526Palavras-chave:
Esterilização reprodutiva, Laqueadura tubária, Saúde reprodutiva, Direitos reprodutivos, Justiça social.Resumo
Durante muitos anos um dispositivo biomédico para a esterilização de mulheres foi promovido e comercializado pela empresa Bayer em diversos países, inclusive no Brasil (entre 2009 e 2017). Vários hospitais públicos do país integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) implantaram o dispositivo Essure® em mulheres que queriam/aguardavam a laqueadura tubária. Apresentado pelo staff médico como seguro, inócuo e de fácil manejo clínico, o dispositivo permanente foi fornecido a muitas mulheres para controle reprodutivo. Falhas em sua acelerada aprovação nos órgãos oficiais de regulação (Food and Drug Administration - FDA) e processos judiciais movidos por mulheres norteamericanas contra a empresa farmacêutica fabricante do produto, devido às muitas sequelas e aos problemas de saúde enfrentados após tal inserção, repercutiram localmente. Ao tomarem conhecimento, via redes sociais, de outras mulheres com sintomas semelhantes, as mulheres brasileiras que o implantaram também se organizaram, buscando meios de assegurar a retirada do dispositivo de seus corpos nos serviços públicos de saúde. O silêncio das autoridades médicas sobre o episódio e o abandono das mulheres que o inseriram, confiando no aconselhamento médico recebido em hospitais de referência do SUS, nas principais capitais do país, as mobilizaram como “vítimas do Essure”, pondo-as em busca de reparação legal pelos danos sofridos e de atenção à saúde para sua retirada pela via cirúrgica. Um aprendizado coletivo e político tem sido construído por meio das redes digitais, mediando a troca de experiências, informações e saberes-poderes, na busca por se tornar “e-free”, ou seja, livres do Essure.
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