Não escalabilidade em sistemas de abastecimento de água na Ilha de Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a61406Palavras-chave:
Água, Paisagem, Infraestruturas, Abastecimento de água.Resumo
O abastecimento de água potável no Brasil é responsabilidade dos municípios, mas são companhias estatais que centralizam a maioria dos serviços concessionados de saneamento e abastecimento. Áreas residenciais não conectadas ou conectadas parcialmente a tais serviços dependem de soluções individuais ou de sistemas coletivos alternativos de abastecimento de água, como os que observamos em Florianópolis (Santa Catarina). São iniciativas de associações de moradores ou de companhias privadas, conectando residências a infraestruturas de abastecimento e mananciais locais. Tais redes alternativas de abastecimento de água constituem-se em fricção com a ampliação de outras infraestruturas como saneamento, transporte, energia, construção civil e com a ampla rede de subsistemas de abastecimento de água da companhia estatal concessionada, no processo de expansão e segregação do solo urbano. Neste artigo, analisamos aspectos de não escalabilidade no processo de tradução da água dos mananciais como recurso para o abastecimento, em água bruta captada, água tratada com padrões sanitários, água distribuída ou armazenada para a demanda de consumo, água consumida e água servida, quando volta às bacias hidrográficas. Refletimos sobre as práticas coletivas de tais sistemas alternativos de cuidar das águas, arrumar a água e plantar água, que revelam o conhecimento da dinâmica hídrica das paisagens de morros, lagoas, cachoeiras e planícies costeiras, distribuído pelas suas mangueiras, encanamentos, ponteiras, hidrômetros, caixas de água, planilhas e memórias.
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Referências
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