A Dádiva em todo lugar: notas a propósito do centenário da obra-prima de Marcel Mauss
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a63354Palavras-chave:
Dádiva, Marcel Mauss, Reciprocidade, Antropologia.Resumo
Neste texto, procuro discutir a respeito da importância do Ensaio sobre a Dádiva, após quase um século de sua publicação original. De modo particular, busco chamar atenção para alguns debates mais significativos em torno da obra, bem como refletir acerca de desdobramentos desse clássico da Antropologia. Sem a pretensão de ser exaustivo e consciente de que há, possivelmente, análises muito mais profícuas sobre as contribuições teóricas do seu autor, esse texto é um convite à reflexão acerca da atualidade da obra-prima de Marcel Mauss. A partir da releitura do Ensaio e da análise de comentaristas e de trabalhos em diferentes áreas na antropologia procuro chamar atenção para a importância da obra maussiana para a compreensão teórica de aspectos no Direito, relações de parentesco, formas de organização política, questões relativas à economia, religião, o tema das festas e da cultura popular, entre outros aspectos. Uma obra, em outras palavras, cujas fronteiras e influências interdisciplinares não deixam de se expandir, ao mesmo tempo em que continua sendo referência central para compreensão de diferentes aspectos sob a perspectiva da Antropologia e para nos orientar como coletividade nesses tempos desnorteantes em que vivemos. Em outros termos, mesmo depois de quase 100 anos de críticas, debates e desdobramentos, a contribuição teórica e dimensão totalizante do Ensaio da Dádiva continuam incontestáveis e suas influências estão em todo o lugar.
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