Uma antropologia transversal entre Moçambique e Portugal: para além dos sentidos
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a64061Palavras-chave:
Médicos tradicionais, Curandeiros, Moçambique, Maputo.Resumo
Esta resenha tem como finalidade apresentar o livro O cheiro de sangue de ovelha, do antropólogo Paulo Granjo, que apresenta, em forma de relato e conto, resultados de vários anos de convivência, trabalho e observação sistemática entre médicos tradicionais de Maputo, Moçambique. A leitura atenta do livro de Granjo nos faz perceber que, renunciando às formas mais convencionais de apresentar resultados de pesquisas antropológicas e seguindo uma prática também já consolidada na antropologia, o autor apresenta com riqueza de detalhes esse mundo pelo qual transitou e transita, evidenciando práticas e sentidos socialmente compartilhados pelos curandeiros e sua clientela, sem, contudo, confundir sua condição de outsider. Ao longo dos seis capítulos (distribuídos em 96 páginas) e do glossário cultural acrescentando ao final do livro, Granjo nos faz viver com ele medos, desconfianças, sentimentos e emoções diversas nas quais mergulhou, principalmente durante os ritos de cura aos quais se submeteu em Maputo e que culminaram no sacrifício ritual de uma ovelha presa às suas costas. As imagens possibilitadas pela escrita se fundem às 23 fotografias reproduzidas ao longo do texto, de modo que, mesmo conciso, o livro termina por assumir características de uma descrição densa do universo observado. Portanto, ao resenhar esta obra, esperamos despertar em futuros leitores e leitoras tanto o interesse quanto o reconhecimento da importância desta obra para a antropologia e para as Ciências Sociais.
Downloads
Referências
GRANJO, Paulo. O cheiro do sangue de ovelha. Lisboa: Tinta-da-China, 2024.
DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. Tradução de Mônica Siqueira Leite de Barros, Zilda Zaquia Pinto. São Paulo: Perspectiva, 2014. (Debates; 120).
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Patrício Carneiro Araújo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:
- Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;
- Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.