Mulheres, temporalidades e ritmos em unidades prisionais brasileiras e francesas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a64441

Palavras-chave:

Prisão, Encarceramento feminino, Ritmos.

Resumo

Trata-se da resenha do livro de Luana Martins Fazer a pena andar: uma etnografia sobre o cumprimento de pena e seus ritmos em unidades prisionais femininas no Rio de Janeiro, Paris e Marseille, publicado em 2024, que analisa a experiência do encarceramento feminino em dois contextos comparativos entre Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, e França, nas cidades de Marselha e Paris. A autora propõe o conceito de ritmos para identificar as formas de fazer “a pena andar” a partir da inserção em novos contextos espaciais e temporalidades e busca refletir sobre a experiência do encarceramento de mulheres e entender que significados são atribuídos ao cárcere nos dois contextos. Entre outras questões, evidencia como o aprisionamento tem diferentes nuances e atravessa vivências pessoais provocando “descompassos”, rupturas e exigindo novas estratégias para reconstruir a vida dentro de um espaço fechado a cadeado. A partir desse olhar, apresenta-nos histórias de mulheres singulares, com medos, angústias, culpas, frustrações, sensações de desconforto e de alegria, que são também reveladoras de questões sociais relevantes e devem ser interpretadas contextualmente. Ao tratar dos dois contextos, mesmo identificando condições materiais “melhores” na França e “piores” no Brasil nesse sentido, a autora mostra como a experiência do aprisionamento é sempre traumatizante e requer esforço emocional para ser “digerida”. Afinal, é perpassada por diferentes ritmos e, a depender das condições experienciadas, alguns podem ser mais ou menos tortuosos e violentos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Juliana Gonçalves Melo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Professora Associada do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de Brasília.

Referências

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Olhar, ouvir, escrever. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 39, n. 1, 1996. Disponível em: https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.1996.111579. Acesso em: 21 jan. 2025.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Luís Roberto. Existe violência sem agressão moral? Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 23, n. 67, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/YmSpRVMkLsSTJW5Kdf6bLdB/abstract/?lang=pt. Acesso em: 21 jan. 2025.

DAMATTA, Roberto. Você sabe com quem está falando? Estudos sobre o autoritarismo brasileiro. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

FAVRET-SAADA, Jeanne; SIQUEIRA, Paula. “Ser afetado”, de Jeanne Favret-Saada. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 13, p. 155-161, 2005. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50263. Acesso em: 21 jan. 2025.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 29. ed. Petropólis: Vozes, 2004.

GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes, 1997.

GOFFMAN, Erving. Ritual de Interação. Ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis: Vozes, 2011

KANT DE LIMA, Roberto. Por uma antropologia do Direito, no Brasil. Arquivos de Direito, Nova Iguaçu, n. 3, v. 1, p. 223-253, 1999. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/handle/1/8000Acesso em: 21 jan. 2025.

LEFEBVRE, Henri; RÉGULIER, Catherine. Le projet rythmanalytique. Communications, Paris, n. 41, p. 191-199, 1985. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/comm_0588-8018_1985_num_41_1_1616. Acesso em: 21 jan. 2025.

MELO, Juliana. Aprenda as regras do jogo, Monsieur: Notas sobre o sistema prisional francês e análises comparativas com o Brasil. [2025?].

Publicado

2025-07-07

Edição

Secção

Resenhas

Como Citar

Mulheres, temporalidades e ritmos em unidades prisionais brasileiras e francesas. (2025). Antropolítica - Revista Contemporânea De Antropologia, 57(1). https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a64441