Quanto vale a liberdade? A antropologia da academia, 40 anos depois
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2025.v57.i1.a67010Palavras-chave:
Etnografia, Práticas Acadêmicas, Comparação Por Contraste, Colonialismo Cultural.Resumo
Este texto celebra os 40 anos de A antropologia da academia: quando os índios somos nós, ensaio seminal do antropólogo Roberto Kant de Lima. Baseado em sua experiência como estudante de pós-graduação nos Estados Unidos, o autor analisa uma série de práticas acadêmicas, contrastando-as com as observadas, ao longo de sua formação, em cursos de graduação e pós-graduação brasileiros. Ao escrutinar a “disciplina pela forma” dos americanos e problematizar a sua pretensão modelar, Kant de Lima faz uma crítica contundente ao colonialismo cultural, alertando sobre a necessidade de exploração criativa do nosso próprio fazer antropológico. Do ponto de vista formal, o texto está estruturado em duas partes. A primeira apresenta os aspectos centrais do ensaio, nos moldes de uma resenha. A segunda traz à tona alguns dos seus desdobramentos, não só no que se refere à produção intelectual do autor, como às práticas institucionais que, ao longo dos anos, sedimentaram a sua trajetória acadêmico-profissional. Sucesso de público, com três tiragens esgotadas, o trabalho chegou a enfrentar rejeições sistemáticas à sua reedição. Mas, talvez, o fato mais inusitado refira-se à pouca (ou nenhuma) atenção que lhe foi dispensada pela crítica especializada, um equívoco que, com décadas de atraso, este texto pretende ajudar a corrigir.
Downloads
Referências
ARANTES, Paulo. Ideologia francesa, opinião brasileira: um esquema. Novos Estudos CEBRAP, [s. l.], n. 30, p. 149-161, 1991.
DA MATTA, Roberto. O ofício de etnólogo, ou como ter anthropological blues. In: NUNES, Edson de Oliveira (org.). A aventura sociológica: objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 23-35.
DUMONT, Louis. Homo aequalis: gênese e plenitude da ideologia econômica. Bauru: EDUSC, 2000.
EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. O método comparativo em Antropologia Social. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 1-17, 2021. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/191855/178461. Acesso em: 20 de dezembro de 2024.
FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: RABINOW, Paul; DREYFUS, Hubert Lederer (ed.). Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 273-295.
FOURNIER, Marcel. Marcel Mauss ou a dádiva de si. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 8, n. 21, p. 104-112, 1993.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
GODBOUT, Jacques. Introdução à dádiva. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n. 38, p. 39-52, 1998.
GOODY, Jack. O mito, o ritual e o oral. Petrópolis: Vozes, 2012.
KANT DE LIMA, Roberto. Legal theory and judicial practice: paradoxes of police work in Rio de Janeiro city. 1986. Tese (Doutorado em Antropologia) – Harvard University, Cambridge, 1986.
KANT DE LIMA, Roberto. Ordem pública e pública desordem: modelos processuais de controle social em uma perspectiva comparada (inquérito e jury system). Anuário Antropológico, n° 88. Brasília: UnB, p. 21-44, 1991.
KANT DE LIMA, Roberto. The anthropology of academy: when we are the indians. In: RIPP, Arie; LAYNE, Linda; HESS, David (ed.). Knowledge and society: the anthropology of science and technology. Greenwich: Jai Press, 1992. p. 191-222.
KANT DE LIMA, Roberto. A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas e paradoxos 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
KANT DE LIMA, Roberto. A antropologia da academia: quando os índios somos nós 2. ed. Niterói: EDUFF, 1997.
KANT DE LIMA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: o dilema brasileiro do espaço público. In: GOMES, Laura Graziela; BARBOSA, Lívia; DRUMMOND, José Augusto. O Brasil não é para principiantes: Carnavais, malandros e heróis, 20 anos depois. Rio de Janeiro: FGV, 2000. p. 105-123.
KANT DE LIMA, Roberto. Administração de conflitos, espaço público e cidadania. Uma perspectiva comparada. Civitas: Revista de Ciências Sociais, [s. l.], v. 1, n. 2, p. 11-16, 2001.
KANT DE LIMA, Roberto. A presença de Castro Faria na Universidade Federal Fluminense (1993-1998): uma perspectiva afetivo-institucional. In: CASTRO FARIA, Luiz de. Antropologia - escritos exumados 3: lições de um praticante. Niterói: EDUFF, 2006. p. 29-46.
KANT DE LIMA, Roberto. A antropologia da academia: quando os índios somos nós. 3. ed. Niterói: EDUFF, 2011.
O’DONNELL, Guillermo. ¿Y a mi qué me importa? Notas sobre sociabilidad y política en Argentina y Brasil. Buenos Aires: CEDES, 1984.
PEIRANO, Mariza. Antropologia no Brasil (alteridade contextualizada). In: MICELI, Sérgio (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). São Paulo: Ed. Sumaré, 1999. p. 225-266.
PEIRANO, Mariza. O paradoxo dos documentos de identidade: relato de uma experiência nos Estados Unidos. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 15, n. 32, p. 53-80, 2009.
VELHO, Gilberto. Observando o familiar. In: NUNES, Edson de Oliveira (org.). A aventura sociológica: objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 36-46.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Edilson Márcio Almeida da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:
- Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;
- Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.