Meninos de engenho. Tradições e dramas familiares feitos símbolos da brasilidade
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2011.1i30.a41854Keywords:
reconversão de elites agrárias, romancistas autenticamente brasileiros, literatura nacional, Nordeste.Abstract
Este artigo analisa como o romance regionalista nordestino, consagrado a partir dos anos 1930, tornou-se o símbolo do surgimento de uma “autêntica cultura nacional”, provocando a mudança do cenário do mundo urbano para o mundo rural, da capital do país para o interior do Nordeste, a mudança de personagens privilegiados pelas narrativas (patriarcas rurais, meninos de engenho, cangaceiros, mulheres sedutoras, em competição por favores dos senhores de engenho etc.), a mudança de sintaxe e do vocabulário utilizados na narrativa. Mudanças que acompanham origens sociais diversas dos escritores e transformação profunda do público leitor e do mercado editorial de que passam a participar.
Privilegia o estudo de A Bagaceira, de José Américo de Almeida, e do assim chamado “ciclo da cana-de-açúcar”, de José Lins do Rego, ambos originários de linhagens de senhores de engenho da Paraíba, ameaçadas de declínio com a expansão das usinas a vapor. Busca demonstrar como a experiência social e familiar dos escritores é repensada nas obras literárias, nas quais o reconhecimento, como romancista, permite liberar o relato dos sofrimentos familiares; um arbitrário individual e familiar torna-se progressivamente o símbolo mais consagrado da coletividade brasileira. Estuda, ainda, a contribuição do gênero romance para o deslocamento da percepção da mestiçagem como marca da degenerescência da “raça brasileira”, e sua substituição pela reflexão sobre as modalidades concretas em que patriarcas brancos engendram proles mestiças, através de “poligamia” efetiva, como pontificavam nos mesmos círculos literários os ensaios de Gilberto Freyre.
Downloads
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
O conteúdo da revista Antropolítica, em sua totalidade, está licenciado sob uma Licença Creative Commons de atribuição CC-BY (http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
De acordo com a licença os seguintes direitos são concedidos:
- Compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato;
- Adaptar – remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial;
- O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição – Você deve informar o crédito adequado, fornecer um link para a licença e indicar se alterações foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer maneira razoável, mas de modo algo que sugira que o licenciante o apoia ou aprova seu uso;
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.