Habitando a “guerra”: tiroteios e leitura do “clima” das favelas cariocas
DOI:
https://doi.org/10.22409/antropolitica2024.v56.i2.a59824Palabras clave:
Tiroteio, Atmosfera, Violência Urbana, Rio de Janeiro.Resumen
A recorrência de experiências de tiroteios na cidade do Rio de Janeiro gera formas de habitar as favelas marcadas por indeterminações constantes. Para tentar lidar com o risco de perder a vida que um tiroteio repentino pode gerar, os moradores desses territórios precisam empreender recorrentes investigações que visam medir ou ler o “clima” na favela. O presente artigo tem o objetivo de, teoricamente, realizar uma aproximação entre os debates sobre atmosferas em andamento na Antropologia e a categoria nativa do “clima” [da favela]. Partimos da ideia que, embora as indeterminações sejam um elemento constitutivo da vida cotidiana nas favelas, é possível observar desde os anos 1980 até os dias atuais mudanças nos padrões de ocorrências de tiroteios em territórios favelados, assim como nas formas de leitura do “clima” por moradores. Como não existe um histórico oficial dos tiroteios na cidade que permita uma análise quantitativa deste fenômeno, metodologicamente partimos de uma análise qualitativa do debate público sobre violência no Rio de Janeiro. Ao longo do artigo, analisamos relatórios produzidos por grupos de pesquisas sobre tiroteios como fontes secundárias e lançamos mão de experiências etnográficas realizadas em três momentos históricos, contextos de conflitos e espaços geográficos distintos da cidade para debater as transformações que vêm ocorrendo nas formas de habitar a “guerra” no Rio de Janeiro, que incluem variadas modalidades de leitura do “clima” da favela.
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