Chamada para submissão de artigos em dossiê
Construindo impérios na Época Moderna: negócios, política, família e relações globais
Naira Maria Motta Bezerra (PPGH/UFF)
Tomás Pinto de Albuquerque (CSG/GHES, ISEG - U. de Lisboa)
Fernand Braudel procurou estudar o capitalismo a partir das relações entre indivíduos, grupos e estados ao longo do tempo. (Braudel,1967). Pegando nessa premissa, mais recentemente, Anthony Molho e Diogo Ramada Curto, reunindo um grupo no Instituto Europeu de Florença, procuraram fazer uma releitura dessa obra monumental, a partir do estudo das relações entre comerciantes na longa distância, recorrendo à análise de redes. (Curto e Molho, 2002). Como é sabido, esse é um método com uma longa tradição, remontando as suas origens primordiais desde pelo menos à primeira metade do século XX, utilizando os princípios da Gestalt.
De modo muito simples, a Gestalt é uma abordagem que busca entender a relação entre os humanos e os meios em que vivem: como impactam e são impactados pelo mesmo. No campo da História, esta análise serviu como metodologia para compreender os sujeitos dentro das redes que se estabeleciam a partir de laços familiares, religiosos, clientelares, políticos ou econômicos, mas também dos mecanismos de controle, formais ou informais, que permitiram o desenvolvimento dessas relações na longa distância, em diferentes universos políticos, econômicos, sociais e culturais.
Quando nos referimos a agentes, não nos referimos apenas a comerciantes ou funcionários régios (governadores, magistrados, militares, bispos, etc.), mas todos aqueles que, de uma forma ou de outra, fizessem ou pudessem fazer parte de uma rede, seja ela política, econômica, religiosa ou familiar.
Nos últimos anos, com as abordagens trazidas pela História Global, os estudos das redes foram tendo sua importância renovada, na medida que debates como Centro-Periferia, introduzido por Immanuel Wallerstein (1974), capitalismo e escravidão (Willians, 1944) e as próprias propostas metodológicas da História Global (André Gunder Frank, 1998; Kenneth Pomeranz, 2013; Sebastian Conrad, 2016) foram retomados.
O que procuramos compreender é como essas relações se estabeleceram e foram em si a argamassa necessária para a construção dos impérios, ao mesmo tempo que veicularam relações à escala global, articulando espaços tão diversos como a Europa, América, Ásia ou África.
O nosso dossiê abre chamada para pesquisadores que se interessam pelas temáticas das relações intra imperiais, em seu âmbito institucional, político, econômico; ou que estejam interessados pelo tema dos sujeitos ou instituições e suas redes, e ainda aqueles que, dialogando mais diretamente com a História Global, buscam analisar relações não apenas entre diferentes partes de um mesmo império, mas entre diferentes impérios na época moderna (português, espanhol, inglês, francês, holandês ou dinamarquês). O âmbito temporal está compreendido entre os séculos XVII e XVIII. Aos que tiverem interesse, as normas de publicação estão especificadas nas diretrizes para autores. As contribuições devem ser enviadas, exclusivamente, via sistema OJS.
Prazo para submissão: 20 de março de 2021 (0h, horário de Brasília, UTC/GMT -03:00)