Comércio de cabotagem e tráfico interno de escravos em Salvador (1830-1880)
Resumen
O tráfico interprovincial de escravos foi muito lucrativo, principalmente na segunda metade do século XIX, em que escravos do Nordeste e Sul foram vendidos, com ampla margem de lucro, para o Sudeste, região em expansão econômica impulsionada pelas lavouras de Café. Neste artigo abordo a atuação de traficantes internos de escravos em Salvador entre 1830-1880, tendo em vista a articulação com outros ramos do comércio em contexto com as modernizações capitalistas do período. Antonio Francisco Brandão e sua firma Brandão & Irmãos, por exemplo, aturam no comércio de cabotagem, remeteram escravos de Salvador para os portos de Santos e Rio de Janeiro, assim como possuíram ações em bancos e negócios no mercado financeiro da Bahia. Outros negociantes envolvidos no tráfico interno de escravos, assim como Brandão, mantiveram atuação diversificada e, oportunamente, compraram e venderam escravos. Na pesquisa para os anos de 1830-1850 utilizei periódicos, processos cíveis e inventários que possibilitaram rastrear alguns negociantes dedicados ao comércio de cabotagem e de escravos. Para os anos 1850-1880 construí banco de dados com registros de passaportes de escravos remetidos do porto de Salvador, ao todo foram 1.484 registros de passaportes, 1.184 para os anos entre 1852-54, e 300 para os anos entre 1873-75, dados que foram articulados com processos cíveis, inventários e periódicos do período.Descargas
Citas
BERBEL, Marcia Regina; MARQUESE, Rafael de Bivar; PARRON, Tâmis. Escravidão e política: Brasil e Cuba, c. 1790-1850. São Paulo: HUCITEC,2010.
CONRAD, Robert Edgar. Os últimos anos da escravatura no Brasil: 1850-1888. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1975.
FRAGOSO, José. FlORENTINO, M. O Arcaísmo como Projeto: Mercado Atlântico, Sociedade Agrária e Elite Mercantil no Rio de Janeiro, c. 1790–c. 1840. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993.
GUIMARÃES, Carlos Gabriel. Bancos, economia e poder no Segundo Reinado: o caso da sociedade bancária Mauá, MacGregor & Companhia (1854-1866). (Tese de Doutorado-USP) São Paulo, 1997.
GUIMARÃES, Carlos Gabriel. O Banco Commercial e Agrícola no Império do Brasil: o estudo de caso de um banco comercial e emissor (1858-1862). Sæculum–Revista de História, n. 29, 2013.
LAURINDO JUNIOR, Luiz Carlos; BEZERRA NETO, José Maia. Alguns vêm de lá, outros de cá: a Amazônia no tráfico interno brasileiro de escravos (século XIX).História, Assis/Franca , v. 37, e2018021, 2018 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742018000100202&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 25 fev. 2019. Epub 17-Set-2018. http://dx.doi.org/10.1590/1980-4369e2018021.
MAMIGONIAN, Beatriz. Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
MARQUESE, Rafael de Bivar. Capitalismo, escravidão e a economia cafeeira do Brasil no longo século XIX. Saeculum, n. 29, p. 289-321, 2013.
MARQUESE, Rafael de Bivar; SALLES, Ricardo (Org). Escravidão e capitalismo histórico no século XIX. Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
MARTINS, Romulo de Oliveira. “Vinha na fé de trabalhar em diamantes”. Escravos e Libertos em Lençóis, Chapada Diamantina-Ba (1840-1888). Dissertação (Mestrado em História), Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, 2013.
MATTOSO, Kátia de Queirós. Bahia, século XIX: uma província no Império. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira. Dez freguesias da cidade do Salvador: aspectos sociais e urbanos do século XIX. Salvador: EDUFBA, 2007.
NEVES, Erivaldo Fagundes. Sampauleiros traficantes: comércio de escravos do Sertão da Bahia para o Oeste Cafeeiro Paulista. In: Afro-Ásia, Salvador, UFBA, n. 24, 2000, p. 97-128.
OSÓRIO, Helen. Comerciantes do Rio Grande de São Pedro: formação, recrutamento e negócios de um grupo mercantil da Amérca Portuguesa. Revista Brasileira de História, v. 20, n. 39, p. 99-134, 2000.
PARRON, Tâmis Peixoto. A política da escravidão no Império do Brasil, 1826-1865. (Tese de Doutorado em História). Universidade de São Paulo(USP), São Paulo, 2011.
PASSOS SOBRINHO, Josué Modesto dos et al. História econômica de Sergipe: 1850-1930. (Dissertação de Mestrado, UNICAMP),São Paulo, 1983.
PIRES, Maria de Fátima Novaes. Fios da vida: tráfico interprovincial e alforrias nos sertoins de sima – BA (1860-1920). São Paulo: Annablume, 2009
PIRES, Maria de Fátima Novaes. O crime na cor: escravos e forros no alto sertão da Bahia (1830-1888). São Paulo: Annablume/FAPESB, 2003.
SANTOS, Paulo Henrique Duque. Légua tirana: sociedade e economia no alto sertão da Bahia. Caetité, 1890-1930. (Tese de Doutorado) Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014.
SCHEFFER, Rafael da Cunha. Comércio de escravos do sul para o sudeste, 1850-1888: economias microrregionais, redes de negociantes e experiência cativa. 2012. 342 f. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado em História)- Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.
SILVA, Laiane Fraga da. “É preciso deixar alguma conversa para testificar que vivemos”: a trajetória da família Faria Fraga no alto sertão da Bahia (Caetité 1842-1889). 2018. 165 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em História) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2018.
SLENES, Robert W. et al. The Brazilian Internal Slave Trade, 1850-1888 Regional Economies, Slave Experience, And The Politics Of A Peculiar Market. The chattel principle: Internal slave trades in the Americas, 2005.
SLENES, Robert Wayne. The demography and economics of brazilian slavery: 1850-1888. Department of History, Stanford University, 1976.
TEIXEIRA, Luana. Comércio Interprovincial de escravos em alagoas no segundo reinado. Tese (Doutorado em História), Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, 2016.
VASCONCELOS, Albertina Lima. Tráfico interno, liberdade e cotidiano de escravosno Rio Grande do Sul: 1800-1850. Anais do II Encontro—Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Porto Alegre, 2005.
XIMENES, Cristina F. Lyrio. Joaquim Pereira Marinho: perfil de um contrabandista de escravos na Bahia, 1828-1887. Dissertação (Mestrado em História). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, 1999.
##submission.downloads##
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre