Rememorações do autoritarismo brasileiro no filme Revolução de 30

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DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i0.38208

Palavras-chave:

Filme de arquivo, Revolução de 30, Ditadura Militar, Autoritarismo, Rememoração.

Resumo

Imagens e sons do passado tornam-se atuais pela articulação própria à montagem cinematográfica, revelando a dimensão imagética da história enquanto rememoração. Filmes de arquivo possuem lugar de destaque para esse entendimento, sendo o longa-metragem Revolução de 30 – dirigido por Sylvio Back (1980) – um caso emblemático. Lançado no declínio da Ditadura Militar, o filme aborda a transição autoritária entre o final da primeira fase republicana e o início do primeiro ciclo de governo Vargas. A partir da seleção de determinadas sequências, analisamos como o longa-metragem sugere correlações entre aquele período autoritário e a redemocratização, considerando três aspectos: os trabalhadores e as evocações do autoritarismo; o tenentismo revisitado; a transição oligárquica e o continuísmo autoritário.

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Biografia do Autor

Márcio Zanetti Negrini, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutor e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Universidade Franciscana (UFN). Especialista em Marketing Estratégico pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul). Professor do Curso de Especialização em Cinema da UFN. Tem experiência de pesquisa em comunicação e estudos socioculturais com ênfase em cinema e audiovisual, dedicando-se aos seguintes temas: política, história, memória e cultura popular brasileira; interesses relacionados à estética e arqueologia das mídias. Possui produção científica publicada no Brasil e no exterior. Integra o Kinepoliticom -  Grupo de Pesquisa em Comunicação, Estética e Política (CNPq). Membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Cinema e Audiovisual (Socine). Colaborou junto à equipe editorial da Revista E-Compós, periódico da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós).

Cristiane Freitas Gutfreind, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Sociologia e Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1994), mestrado em Cultures et Comportements Sociaux - Université de Paris 5 (René Descartes, Sorbonne -1996) e doutorado em Sociologie - Université de Paris 5 (René Descartes, Sorbonne - 2001). Atualmente é professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e coordenadora do PPGCom. É bolsista produtividade do CNPq. Foi membro da comissão coordenadora do PPGCom, coordenadora do departamento de Ciências da Comunicação e coordenadora da Comissão Científica da Famecos. Foi editora da Revista Famecos e da Revista E-Compós. Foi vice-presidente da Compós (2015-2017). Membro da AFECCAV (Association Française des Enseignants et des Chercheurs en Cinéma et Audiovisuel). É líder o grupo de pesquisa Cinema e Audiovisual: comunicação, estética e política (Kinepoliticom) e participa de outros grupos de pesquisa de áreas afins no CNPq. Tem experiência na área de Sociologia e Comunicação, com ênfase em Cinema, atuando principalmente nos seguintes temas: teorias do cinema e da imagem, estética, história e filosofia da comunicação. Possuí produção científica em português, francês, inglês e espanhol.

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Publicado

2020-12-24 — Atualizado em 2021-02-03

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