Os corpos femininos como objeto de abjeção e tortura na ditadura civil-militar brasileira

Auteurs

  • Flaviana de Freitas Oliveira Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) https://orcid.org/0000-0003-3714-5820
  • Pedro Angelo Pagni Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) https://orcid.org/0000-0001-7505-4896
  • Ana Maria Klein Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) https://orcid.org/0000-0002-0004-1908
  • Tânia Suely Antonelli Marcelino Brabo Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

DOI :

https://doi.org/10.22409/contracampo.v41i3.52794

Mots-clés :

Ditadura, Corpos femininos, Tortura, Sexopolítica

Résumé

O Brasil tem casos frequentes de violência de gênero, que revelam relações de poder historicamente desiguais e assimétricas entre homens e mulheres. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade revela que as mulheres vítimas da ditadura civil-militar de 1964 receberam torturas específicas, focadas na violência de gênero e na misoginia. Assim, esse trabalho visa analisar como as torturas foram vinculadas às performatividades de gênero e às divisões sexuais binárias “homem-racional” versus “mulher-emocional”, conforme proposto por Butler (2017). Para tanto, constrói-se uma visão do que seria a ditadura dentro da biopolítica e da sexopolítica do século XX e como os corpos femininos militantes eram objeto de desprezo pelo aparelho repressor.

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Biographies des auteurs

  • Flaviana de Freitas Oliveira, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

    Professora substituta no Departamento de Educação do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Possui graduação em Comunicação Social-Jornalismo (Unesp) e em Direito (FIJ), e mestrado em Ensino e Processos Formativos (Unesp). É doutoranda em Educação na Unesp de Marília, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

  • Pedro Angelo Pagni, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

    Professora substituta no Departamento de Educação do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Possui graduação em Comunicação Social-Jornalismo (Unesp) e em Direito (FIJ), e mestrado em Ensino e Processos Formativos (Unesp). É doutoranda em Educação na Unesp de Marília, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

  • Ana Maria Klein, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

    Professora assistente doutora no Departamento de Educação do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Assessora no gabinete da Vice-Reitoria da UNESP, junto à Coordenação de Educação para Diversidade e Equidade. Possui graduação em Pedagogia e em Ciências Sociais (USP), mestrado e doutorado em Educação (USP).

  • Tânia Suely Antonelli Marcelino Brabo, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

    Professora assistente doutora no Departamento de Administração Escolar da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Possui graduação em Pedagogia (Unesp), mestrado em Educação (Unesp), doutorado em Sociologia (USP) e pós-doutorado em Educação pela Universidade Minho-Braga, em Portugal, e pela Universidade de Valência, na Espanha, além de livre-docência em Sociologia (Unesp).

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Publiée

2022-12-29