A tessitura do espectro

catástrofe e fragmentação em Assentamento, de Rosana Paulino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v41i2.52839

Resumo

Nesse ensaio, analiso como a obra Assentamento, de Rosana Paulino, trabalha com imagens de arquivo diretamente ligadas à escravidão de maneira a questionar uma lógica visual calcada em processos de racialização. Ao intervir nesse arquivo através de seu uso magistral de técnicas de colagem e costura, Paulino ressalta a continuidade desse passado através da ligação das teses eugênicas das fotografias originais com o nosso presente necropolítico. Também investigo a história das fotografias eugênicas e a representação imagética de corpos pretos na história brasileira para então discutir como a obra de Paulino almeja dobrar o olhar colonial sobre si. Argumento, enfim, que Assentamentonão nega a precariedade do corpo retratado na fotografia de arquivo usada pela obra, mas que, a partir de suas colagens e costuras, ilustra a possibilidade de evasão de códigos visuais racializantes.

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Biografia do Autor

Ricardo Duarte Filho, New York University; Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando em Spanish and Portuguese Languages and Literatures pela New York University e em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua pesquisa atual examina como o extrativismo no Brasil está historicamente atrelado a processos de racialização e discute também a contínua violência perpetrada contra comunidades racializadas diante da aceleração de práticas extrativistas. Seus textos já foram publicados por revistas como o Journal of Latin American Cultural Studies, Significação: Revista de Cultura Audiovisual e Imagofagia - Revista de la Asociación Argentina de Estudios de Cine y Audiovisual. E-mail: ricardo.duarte@nyu.edu

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Publicado

2022-08-31