O papel da mídia nos processos de impeachment de Dilma Rousseff (2016) e Michel Temer (2017)

Autores

  • Theófilo Machado Rodrigues UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i0.1108

Palavras-chave:

Impeachment, Democracia, Mídia

Resumo

As tensas relações entre mídia e política no Brasil são bem conhecidas pela literatura especializada. Getúlio Vargas, João Goulart e Fernando Collor são alguns exemplos de presidentes que não terminaram seus mandatos e que sofreram resistências por parte da imprensa. O presente artigo argumenta que esse histórico de atuação dos meios de comunicação em processos de desestabilização permanece atual. A hipótese foi testada a partir da observação de 35 editoriais dos principais jornais impressos do país durante a tramitação dos processos de impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e de investigação de Michel Temer em 2017. O primeiro caso contou com certa unidade entre esses jornais, e o impeachment foi vitorioso; no segundo, houve divergências na imprensa e o impeachment não ocorreu.

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Biografia do Autor

Theófilo Machado Rodrigues, UFRJ

Doutor em Ciências Sociais pela PUC-Rio. Professor Substituto do Departamento de Ciência Política da UFRJ.

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Publicado

2018-08-28