Descolonialidade e questão ambiental crítica:
um debate à luz de Paulo Freire
DOI:
https://doi.org/10.22409/resa2021.v14iesp..a50687Palavras-chave:
América Latina, descolonialidade, Paulo Freire, questão ambientalResumo
A intenção deste texto é indicar algumas contribuições do pensamento descolonial através da interlocuções teórico-políticas de Paulo Freire para a questão ambiental crítica na América Latina (AL). Freire expressa de forma política em seu pensamento pedagógico uma concepção de filosofia educacional orientada pela finalidade da libertação. Sua pedagogia crítica descolonial têm no horizonte, a libertação daqueles sujeitos que habitam as periferias negadas pelo sistema-mundo moderno-colonial, a possibilidade do “vir a ser mais”. Desse modo, cabe situarmos a relevância política e pedagógica evidenciada de Paulo Freire em diálogo com o campo ambiental, uma vez que ele não se declarou um ambientalista, nem nunca produziu sobre o campo ambiental. Encontramos nesta interlocução, o caráter libertário na ação contrária e dialética do processo colonial, pois os espaços abertos entre a cultura dominante e a resistência da dominação são relevantes para essa discussão. O artigo está sistematizado em três momentos: no primeiro, introduziremos a discussão sobre a descolonialidade e a interlocução em Paulo Freire na AL. No segundo momento, refletiremos a relação entre descolonialidadade e a questão ambiental à luz das aproximações em Freire. Nas considerações finais, explicitaremos as contribuições de uma perspectiva descolonial do educador brasileiro para o debate ambiental crítico.
Downloads
Referências
ADAMS, T; STRECK, D; MORETTI, C (Org). Pesquisa-ação: mediações para a transformação social. Curitiba: Appris, 2017.
CALLONI, H. Natureza. In: STRECK, D et all (org): Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 284-286.
CASALI, A. Paulo Freire e outras correntes do pensamento e ação. O Pensamento complexo, Teologia da Libertação, Justiça restaurativa, Teatro do Oprimido e Planejamento estratégico e situacional. In: SILVA, Inácio da Silva (Org.). O Pensamento de Paulo Freire como matriz integradora de práticas educativas no meio popular: ciclo de seminários. São Paulo: Instituto Pólis, 2008. p. 9-20.
COSTA, C; LOUREIRO, C.F.B. Educação Ambiental Crítica: uma leitura ancorada em Enrique Dussel e Paulo Freire. UFMT, Revista Geoaraguaia, v. 3, n, 2, 2014. p. 83-99.
______. Interculturalidade, exclusão e libertação em Paulo Freire na leitura de Enrique Dussel: aproximações crítico-metodológicas para a pesquisa em Educação Ambiental. Pesquisa em Educação Ambiental, vol. 10, n. 1, 2015. p. 70-87.
COSTA, C. A.; LOUREIRO, C. F. O alcance teórico das categorias “exclusão e libertação” para a questão ambiental: uma leitura ancorada em Dussel e Freire. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 19, n. 1, p. 234–257, 2017.
DIAS, A; OLIVEIRA, I. Um olhar Dusseliano sobre a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire: contribuições para a epistemologia do sul. In: OLIVERIA, I; ARAÚJO, Monica; CAETANO, Vivianne (Orgs.). Epistemologia e Educação: reflexões sobre temas educacionais. Belém: PPGED-UEPA, 2012, p. 24-35.
DUSSEL, E. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: LANDER, E (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 55-77.
______. Ética da libertação: na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes, 2000.
______. Transmodernidade e Interculturalidade (Interpretação desde a Filosofia da Libertação). In: FORNET, BETANCOURT, R. Interculturalidade: críticas, diálogo e perspectivas. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2004. p. 159-208.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000;
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1978.
_____. Educação e mudança. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1987.
______. Cartas à Guiné Bissau. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978b.
______. Pedagogia da tolerância. São Paulo: UNESP, 2004.
______. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.
______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 2. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993a.
______. ; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1985.
LAYRARGUES, P. A Dimensão freireana na Educação Ambiental. In: LOUREIRO, C.F.B;
TORRES, J (Orgs). Educação Ambiental: dialogando com Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2014. p. 7-12.
LOUEIRO, C. F. Questão Ambiental: questões de vida. São Paulo Cortez, 2019.
______. Trajetória e fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2009.
MIGNOLO, W. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. RBCS, vol. 32, n. 94, junho/2017, p. 1-18.
QUIJANO, A. De la dependencia histórico-estructural a ala Colonialidad/descolonialidad. Buenos Aires: Clacso, 2014.
SILVA, José Vicente Medeiros da. Filosofia, responsabilidade e educação em Enrique Dussel. Perspectiva Filosófica, Recife, v. II, n. 38, ago./dez. 2012, p. 91-107.
STRECK, D et all. Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
STRECK, D; ADAMS, T. América Latina. In: STRECK, D et all (org): Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 36-37.
STRECK, D. Paulo Freire e a consolidação de um pensamento pedagógico na América Latina. In: STRECK, D (Org). Fontes da pedagogia latino-americana. Belo Horizonte: Autêntica: 2010. p. 329-345.
WALSCH, C. Pedagogias decoloniales. Quito: Abya Yala, 2013.
ZANOTELLI, J. Educação e descolonialidades dos saberes, das práticas e dos poderes. Revista de Educação Pública, [S. l.], v. 23, n. 53/2, p. 491-500, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 César Augusto Costa
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta Revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito da primeira publicação.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e da publicação inicial nesta revista.