Corpas políticas: arte, trabalho e enfrentamento nas tessituras da vida racializada
DOI:
https://doi.org/10.22409/resa2024.v17.a59047Palavras-chave:
corpo, gênero, política, arte, grupo étnico-racialResumo
As marcas contemporâneas da experiência de um mundo pós-pandemia têm sido expressas em corpos políticos cujas interseccionalidades resistem a um estado necropolítico. Este artigo busca, a partir de um assentamento epistêmico e teórico, dialogar com experiências narrativas de mulheres em diferentes contextos brasileiros agenciadas pelas interseccionalidades e pela amefricanidade. Para tanto, seguimos rastros sensíveis de narrativas produzidas ao longo de teses de doutorado desenvolvidas junto a corpas-políticas femininas e feministas, aquilombadas em um grupo de pesquisa que se coloca como trincheira no universo acadêmico. Para Dialogamos com mulheres intelectuais, do teatro, do rap, da pesca e das rendas, mulheres que enfrentam a experiência do racismo e do machismo em suas relações com a vida e fazem da arte e do trabalho suas vias de resistência e enfrentamento. Para um feminismo negro situado, falar de interseccionalidade e amefricanidade contribui para desconstruir práticas discursivas, propondo outras epistemologias cujas tessituras em rede permitam afirmar outras vias identitárias sustentadas na igualdade política, racial, econômica e de gênero.
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