Psicologia e interseccionalidade como teoria social crítica: início de conversa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/resa2024.v17.a60733

Palavras-chave:

psicologia, interseccionalidade, academia, opressão

Resumo

Qual a participação da clínica psicológica na mudança social? Em outras palavras, qual tem sido a contribuição da psicologia clínica na transformação das condições de vida marcadas pela desigualdade, pelo preconceito e pela violência? A clínica, ao lado do uso do psicotrópico e da violência de Estado tem atuado como dispositivo de controle e minimização das insatisfações, conflitos e traumas produzidos pelas descondições de vida da maioria da população? Tem preservado lugares de fala e escuta privilegiados enquanto mantém à distância o intolerável? Tem amortizado violências intrafamiliares, machistas, misóginas, racistas, capacitistas, sexistas? Tem atuado como braço da gestão da vida que busca contenção de forças, vozes, revolta em lugar da denúncia, da validação e da reparação? Este artigo pretende apresentar um esboço de discussão sobre essas questões, chamar a atenção para as mesmas, mas também incitar a quem forma e atua em psicologia a iniciar alguma ação. Nesse intuito, pretende trazer a referência à interseccionalidade como teoria social crítica tal como proposta por Patricia Hill Collins em seu aspecto de resistência intelectual e ação social, como caminho outro de formação e prática em psicologia.

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Biografia do Autor

Cristine Monteiro Mattar, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil

Psicóloga (UFF - 1994), mestre em Psicologia (UFF - 2003), doutora em Psicologia Social (UERJ - 2011) e pós-doutora em Filosofia (Universidade de Évora, (2020). Professora Associada Departamento de Psicologia da UFF/Campus Niterói. Coordena o Laboratório de Estudos, Pesquisas e Extensão em Fenomenologia, Hermenêutica e Psicologia. Professora do Programa de Pós-Graduação Psicologia e Estudos da Subjetividade, área de concentração Subjetividade e Clínica. Pesquisa as interfaces entre Psicologia, Filosofia e Clínica psicoterápica, com ênfase em: fenomenologia-hermenêutica; expressões e interpretações do mal-estar no contemporâneo; prevenção e clínica da depressão; pensamento decolonial e realidades brasileiras.

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Publicado

2024-08-01

Como Citar

Mattar, C. M. (2024). Psicologia e interseccionalidade como teoria social crítica: início de conversa. Ensino, Saúde E Ambiente, 17, Publicado em 01/08/2024. https://doi.org/10.22409/resa2024.v17.a60733

Edição

Seção

Dossiê Interseccionalidades