A obra e o legado de Paulo Freire no encontro com o movimento negro:

questionamentos à formação de professoras/es

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/resa2021.v14iesp..a52487

Palavras-chave:

racismo, formação de professoras/es, movimento negro, educação

Resumo

Em pleno período de pandemia e isolamento, o “Black Lives Matter” mostrou ao mundo a força do movimento negro a partir de lutas contra a segurança pública diante do genocídio do povo negro. Esse movimento estadunidense nos fez pensar acerca do movimento negro no Brasil. Tais movimentos ensinam a pensar a necropolítica e a colonialidade, mas também a contracolonização e a luta travada pela educação como prática da liberdade no enfrentamento ao racismo, ao preconceito e à mortalidade imposta pelas políticas de Estado no Brasil. Para tanto, é necessário pensar a formação de professoras/es, pois entendemos a necessidade da desconstrução de um processo de formação estática e da construção da docência como atividade política que se coloca nas suas complexidades, com características específicas, singulares e, por isso, demanda e mobiliza novas perspectivas docentes de engajamento, luta e transformação que há na obra e no legado de Paulo Freire, nos seus escritos e na sua prática uma ampla e segura inspiração. Portanto, refletiremos a formação de professoras/es como caminho fundamental no combate às opressões, às exclusões, às estigmatizações e aos aniquilamentos gerados pela racialização no país. Para tanto, este artigo apresenta as relações entre o movimento negro e a obra de Paulo Freire.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maylta Brandão dos Anjos, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ

Doutora e Mestre em Ciências Sociais pelo CPDA da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. Docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Editora da Revista Ensino, Saúde e Ambiente. Experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino de Ciências, atuando principalmente nos seguintes temas: educação ambiental, políticas públicas educacionais, formação de professores e educação inclusiva. Desenvolve trabalhos de pesquisa junto aos professores da Educação Básica e Superior, com ênfase em Educação Profissional e Tecnológica; Ensino de Ciências, Divulgação Científica e Promoção de Saúde.

Luiza Oliveira, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Psicóloga formada pela Universidade Federal Fluminense (1992), possui Doutorado (2003) e Mestrado em Educação (1998) pela Universidade de São Paulo. Professora do Curso de Graduação em Psicologia, professora do Programa Stricto Sensu em Psicologia e Professora do Programa Stricto Sensu em Ensino de Ciências da Natureza da Universidade Federal Fluminense. Editora da Revista Ensino, Saúde e Ambiente. Áreas de pesquisa: Ensino de Ciências, Psicologia do Desenvolvimento Humano e Educação Antirracista. Integra o Coletivo de Professoras/es Negras/os, Ativistas e Militantes Antirracistas da UFF (ENUFF) e o Coletivo de Intelectuais Negras e Negros do País (CDINN).

Maria Bernadete Pinto dos Santos, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Possui graduação em Bacharelado em Quimica pela Universidade Federal da Bahia (1976), mestrado em Geociências (Geoquímica) pela Universidade Federal Fluminense (1981) e doutorado em Geociências (Geoquímica) pela Universidade Federal Fluminense (1997).Em 1999, realizou Pós-Doutorado na Universidade de Oklahoma (EUA). Em 2001, coordenou o Acordo de Cooperação, celebrado entre a Universidade Federal Fluminense e a Universidade de Oklahoma. Foi chefe do departamento de Físico-Química nos períodos de 2002 a 2004 e 2004 a 2006. Atualmente é professor titular aposentada do Departamento de Físico-Química da Universidade Federal Fluminense.Tem experiência em ensino de química, educação ambiental, gases do efeito estufa, adsorção sobre sólidos e metodologias de análises de hidrocarbonetos de petróleo. Coordenou a Comissão que elaborou a proposta (APCN) para criação do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Natureza. Foi coordenadora da Proposta, submetida à CAPES, para criação do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Natureza. Coordenou o Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência da Natureza de 2012 até 04 de abril de 2020. É pesquisadora no grupo de pesquisa cadastrado no CNPq denominado Psicologia Histórico Social e Ensino de Ciências. Ministrou cursos para professores do Ensino Médio no Institutos de Química em projetos de extensão de formação continuada de professores. Foi vice-coordenadora do projeto Adequação de Infraestrutura de Laboratórios para Quantificação de Hidrocarbonetos em Amostras de Sedimentos Marinhos Coletados pela Técnica de Piston Core?, financiado pela Agência Nacional de Petróleo-ANP. Foi pesquisadora do projeto P & D, Otimização de metodologias para extração e análises de hidrocarbonetos de petróleo?, financiado pela Agência Nacional de Petróleo-ANP. Participa como pesquisadora de vários projetos de pesquisa em ensino de Ciências. 

Rose Mary Latini, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Possui doutorado (1998) e mestrado (1989) em Geociências-Geoquímica Ambiental, é Licenciada em Química (1987) e possui graduação em Química Industrial (1983). Todos os títulos obtidos pela Universidade Federal Fluminense. É professora do Departamento de Físico-Química/UFF e do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Natureza/ UFF, estando ligada à linha de pesquisa Ensino de Química. Na Universidade Federal Fluminense desenvolve pesquisas na área de Arqueometria e Ensino de Química. Editora da Revista Ensino, Saúde e Ambiente e avaliadora em outros periódicos da área de ensino. Lidera, com a Profa. Luiza Rodrigues de Oliveira, o Grupo de Pesquisa Abordagem Histórico Cultural e as Práticas Sociais, cadastrado no Diretório de Grupos/CNPq. Em sua produção os temas principais são Arqueometria, Ensino de Ciências, Química e Ambiente e Educação para o Ambiente. 

Valmir Sbano, Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (1988), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1993) e doutorado em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004). Atualmente é professor associado V da Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Interface Filosofia-Psicologia-Psicanálise, atuando principalmente nos seguintes temas: psicanálise e seu ensino, sistemas psicológicos, aplicações à psicologia do desenvolvimento e ensino de ciências.

Referências

ACAYABA, Cíntia; MACHADO, Lívia. 35 mil crianças e adolescentes foram assassinados em 5 anos no Brasil; nº de mortos até 4 anos cresceu 27% em 2020, diz estudo. G1. São Paulo, 22 out. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/22/35-mil-criancas-e-adolescentes-foram-assassinados-em-5-anos-no-brasil-no-de-mortos-ate-4-anos-cresceu-27percent-em-2020-diz-estudo.ghtml. Acesso em: 30 out. 2021.

AGUIAR, W. M. J. Professor e educação: realidades em movimento. In: TANAMACHI, E. R.; PROENÇA, M.; ROCHA, M. L. (org.). Psicologia e educação: desafios teórico-práticos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. p. 169-184.

AGUIAR, W M. J.; DAVIS, C. L. F. Superando a dicotomia saber-ação: uma nova proposta para a pesquisa e a formação docente. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 33., 2010, Caxambu. Anais [...]. Caxambu: ANPED, 2010. Disponível em: http://33reuniao.anped.org.br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em%20PDF/GT20-6139--Int.pdf. Acesso em: 16 ju. 2020. p. [1-18].

ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro: Pólen, 2019.

ALVES, N. (org.). Formação de professores: pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 1992.

BRASIL. Decreto 7031-A, de 6 de setembro de 1878. Crêa cursos nocturnos para adultos nas escolas publicas de instrucção primaria do 1º gráo do sexo masculino do municipio da Côrte. Rio de Janeiro: Império do Brazil, 1878. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/

legin/fed/decret/1824-1899/decreto-7031-a-6-setembro-1878-548011-publicacaooriginal-62957-pe.html. Acesso em: 16 jul. 2020.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 16 jul. 2020.

BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato

-2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em: 16 jul. 2020.

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em: 16 jul. 2020.

CABRAL, A. Guiné-Bissau, nação africana forjada na luta. Lisboa: Nova Aurora, 1974.

CRIOLA. Balanço dos Direitos Humanos durante a pandemia no Brasil. In: Criola. Rio de Janeiro, 29 set. 2020. Disponível em: https://criola.org.br/balanco-dos-direitos-humanos-durante-a-pandemia-no-brasil/#_ftn2 Acesso em: 30 out. 2021.

FANON, F. (1961). Os condenados da terra. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

FANON, F. (1952). Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.

FANON, F. (1956). Racismo e cultura. In: SANCHES, M. R. (org.). Malhas que os impérios tecem: textos anticoloniais, contextos pós-coloniais. Lisboa: Edições 70, 2012. p. 273-285.

FAUSTINO, D. M. A disputa em torno de Frantz Fanon: a teoria e a política dos fanonismos contemporâneos. São Paulo: Intermeios, 2020.

FREIRE, P. (1976) Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

FREIRE, P. (1967) Educação como prática da liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

FREIRE, P. (1996) Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 67. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.

FREIRE, P. (1992). Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

FREIRE, P. Pedagogia da tolerância. São Paulo: Ed. UNESP, 2005.

FREIRE, P. (1968). Pedagogia do oprimido. 59. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. (1978) A África ensinando a gente: Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

GATTI, B. A. et al. Formação de professores para o ensino fundamental: instituições formadoras e seus currículos: relatório de pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Fundação Vitor Civita, 2008. 2v.

GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. S. Professores: aspectos de sua profissionalização, formação e valorização social. Brasília, DF: UNESCO, 2009a.

GATTI, B. A.; NUNES, M. M. R. (org.). Formação de professores para o ensino fundamental: estudo de currículos das licenciaturas em pedagogia, língua portuguesa, matemática e Ciências Biológicas. São Paulo: FCC, 2009b.

HENRIQUES, R. et al. (org.). Gênero e diversidade sexual na escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos. Brasília, DF: Secad, 2007. Disponível em: http://pronacampo.mec.

gov.br/images/pdf/bib_cad4_gen_div_prec.pdf. Acesso em: 16 jul. 2021.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1 edições, 2018b.

MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1, edições, 2018a.

MUNANGA, K. Negritude e identidade negra ou afrodescendente: um racismo ao avesso? Revista da ABPN, Goiânia, v. 4, n. 8, p. 6-14, jul./out. 2012. Disponível em: https://abpn

revista.org.br/index.php/site/article/view/246/222. Acesso em: 16 jul. 2021.

NÓVOA, A. Relação escola-sociedade: “novas respostas para um velho problema”. In:

SERBINO, R. V. (org.). Formação de professores. São Paulo: Ed. UNESP: FINEP, 1998. p. 19-40.

NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 2007.

NUNES, A. A. C. et al. A lei 10.639/03 como instrumento político-pedagógico na perspectiva do combate ao racismo na educação básica. Revista de Educação, Ciência e Cultura, Canoas, v. 24, n. 1, p. 203-212, mar. 2019. DOI http://dx.doi.org/10.18316/recc.v24i1.4582. Disponível em: https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/Educacao/article/view/4582/pdf. Acesso em: 16 jul. 2021.

OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO, ENSINO MÉDIO E GESTÃO. Desigualdade racial na educação brasileira: um guia completo para entender e combater essa realidade. In: Observatório de Educação, Ensino Médio e Gestão. [S. l.], 2021. Disponível em: https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/em-debate/desigualdade-racial-na-educacao. Acesso em: 19 out. 2021.

SANTOS, A. O.; OLIVEIRA, L. R. O bloqueio epistemológico no Brasil e a psicologia. Revista Espaço Acadêmico, Maringá, v. 20, n. 227, p. 250-260, mar./abr. 2021. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/53993/7513751

Acesso em: 10 nov. 2021.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2005.

UNICEF. Nos últimos 5 anos, 35 mil crianças e adolescentes foram mortos de forma violenta no Brasil, alertam UNICEF e Fórum Brasileiro de Segurança Pública. In: UNICEF. Brasília, DF, 22 out. 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/nos-ultimos-cinco-anos-35-mil-criancas-e-adolescentes-foram-mortos-de-forma-violenta-no-brasil. Acesso em: 20 out. 2021.

Downloads

Publicado

2021-12-14

Como Citar

Anjos, M. B. dos, Oliveira, L. R. de, Santos, M. B. P. dos, Latini, R. M., & Sbano, V. C. (2021). A obra e o legado de Paulo Freire no encontro com o movimento negro:: questionamentos à formação de professoras/es. Ensino, Saude E Ambiente, 14(esp.), 447-463. https://doi.org/10.22409/resa2021.v14iesp.a52487

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>