Colonialidade do saber e conflitos de memórias no espaço público

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v31i_esp/29050

Palavras-chave:

memória coletiva, colonialidade do saber, colonialidade do poder, comunidades quilombolas

Resumo

A colonialidade do poder e do saber pode transcender a relação da Europa com os países colonizados, passando a se constituir como um padrão de relações reproduzido em diversos sistemas políticos. O eurocentrismo é uma perspectiva cognitiva-epistêmica não exclusiva dos europeus e nem do período colonial, pertencendo também aos que tenham sido educados pela sua hegemonia. Este relato de pesquisa tem por objetivo abordar a concepção e organização de um Memorial em uma comunidade quilombola, observando-se o processo de construção da memória coletiva em torno de um mito fundacional de origem. Na metodologia seguiu-se a abordagem qualitativa utilizando o método da história oral. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo temática valendo-se do software Atlas Ti na codificação, categorização e monitoração da produção de sentidos. Observa-se que durante a construção do Memorial determinados grupos sociais dominantes utilizam o poder simbólico, social e político para fazer prevalecer sua representação de passado numa perspectiva epistemológica eurocêntrica, evitando a polissemia de vozes. O guiamento do Memorial provoca, porém, um conflito de memórias a partir de relatos testemunhais que subvertem a temporalidade histórica da escravidão, imputando novas formas identitárias ao processo de construção da memória.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Heliana Castro Alves, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG

Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Doutorado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pelo Programa EICOS/ UFRJ, realizou estágio doutoral na Université de Lille 3, França (programa Capes Cofecub). Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Vulnerabilidade e Saúde na Infância e Adolescência (NEPVIAS) e do Laboratório do Laboratório de Memórias, Territórios e Ocupações: rastros sensíveis, UFRJ. Possui experiência na Área Social a partir de ações territoriais, com ênfase em Arte, Cultura, Arte-Educação, Cidadania Cultural, Comunidades Tradicionais e direitos humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: pós-colonialismo, identidade cultural, igualdade racial, vulnerabilidade social; memória social, violência e desenvolvimento humano/ comunitário.

Referências

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.

GILROY, Paulo. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Rio de Janeiro: Editora 34/UCAM – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2003.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 2006.

MARIANI, Alayde Wanderley. Sociologia: Quissamã, história e sociedade. In: MARCHIORI, Emília Prado et al. Quissamã. Rio de Janeiro: SPHAN / Fundação Nacional Pró-Memória, 1987. p. 29-46.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997.

QUIJANO, Anibal. Colonialidad y Modernidad-Racionalidad. In: BONILLA, Heraclio (Org.). Los conquistados: 1942 y la población indígena de las Américas. Quito: FLACSO, 1992. p. 437-449.

QUIJANO, Anibal. Colonialidad del poder, Eurocentrismo, America Latina. In: LANDER, Edgardo (Ed.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciências sociales. Perspectivas latino-americanas. Caracas: Clacso, 2000. p. 201-245.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. (Org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Almedina, 2010. p. 73-116.

RESTREPO, Eduardo; ROJAS, Axel. Inflexión decolonial: fuentes, conceptos y cuestionamientos. Colômbia: Editorial Universidad del Cauca, 2010.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Unicamp, 2007.

SÁ, Celso Pereira de. Sobre o campo de estudo da memória social: uma perspectiva psicossocial. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 290-295, 2007. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722007000200015

SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Belo Horizonte: Cia das Letras/UFMG, 2007.

SILVA Leonardo de Vasconcelos. Machadinha: origem, história e influências. Rio de Janeiro: EDG, 2009.

Downloads

Publicado

2019-09-04

Como Citar

ALVES, H. C. Colonialidade do saber e conflitos de memórias no espaço público. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, p. 195-200, 4 set. 2019.

Edição

Seção

Dossiê Psicologia e Epistemologias contra-hegemônicas