As mulheres em Lolita: um discurso violento sobre a sexualidade feminina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/2023/v35/38140

Palavras-chave:

psicanálise, sexualidade, feminilidade, ninfeta, fetichismo

Resumo

O presente artigo pretende construir uma leitura psicanalítica sobre as mulheres presentes em ‘Lolita’, obra literária de Vladimir Nabokov, publicada em 1955. O livro é a autobiografia de Humbert Humbert, de 38 anos, que tem como objeto de amor uma garota de 12 anos, a quem ele nomeia como ninfeta. O narrador defende a existência de duas categorias femininas diferentes. A primeira é atribuída às mulheres adultas, nomeadas como agentes paliativos por serem permitidas por Lei a se relacionarem sexualmente com homens; e a segunda, às diabólicas ninfetas, seu verdadeiro objeto de desejo. Partindo de uma leitura freudolacaniana sobre o feminino e apoiada nos estudos da filósofa Simone de Beauvoir sobre as categorias de representação social das mulheres, o artigo realizou um percurso a partir da fala do narrador Humbert Humbert, criador de tais categorias do feminino, para a investigação do conceito sobre fetichismo. Foi possível concluir que o discurso acerca da sexualidade feminina se constitui para benefício exclusivo de Humbert Humbert, que determina e goza com a nomeação de mulheres, ou seja, ao falar sobre o feminino, o narrador nos ajuda a produzir UM saber, voltado, na verdade, para a sexualidade masculina.

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Biografia do Autor

Renata Wirthmann Gonçalves Ferreira, Universidade Federal de Catalão, Catalão, GO, Brasil

É psicanalista e professora associada do curso de Psicologia da Universidade Federal de Catalão (UFCAT). Escreve livros infantojuvenis e foi contemplada com a bolsa FUNARTE de criação literária em 2009 e uma menção honrosa no I Concurso Nacional de Literatura Infantil e Juvenil promovido pela Companhia Editora de Pernambuco em 2010. Suas principais linhas de pesquisa são os estudos psicanalíticos da psicose, autismo, feminilidade e arte. Possui pós-doutorado em Teoria Psicanalítica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), doutorado em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB) e mestrado em Psicologia pela UnB.

Sandra Siqueira Souza, Universidade Federal de Catalão, Catalão, GO, Brasil

É graduada em Psicologia (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal de Goiás (UFCAT) e possui mestrado em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão.

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Publicado

2023-04-14

Como Citar

FERREIRA, R. W. G.; SOUZA, S. S. . As mulheres em Lolita: um discurso violento sobre a sexualidade feminina. Fractal: Revista de Psicologia, v. 35, p. Publicado em 14/04/2023, 14 abr. 2023.

Edição

Seção

Artigos