As durações do devir: como construir objetos-problema com a cartografia

Autores

  • Tania Mara Galli Fonseca Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Luis Artur Costa Universidade Federal de Pelotas

Palavras-chave:

cartografia, empirismo transcendental, objeto, duração, preensão

Resumo

Como podemos falar de objetos, duração e estabilidade em um mundo feito de vertigem e puro fluxo? Este artigo propõe a problematização do conceito de objeto na prática cartográfica para pensar a formação do cartógrafo. Para tanto, necessitamos ultrapassar o dualismo entre estável e instável. Através de conceitos como os de tensão e complexidade podemos produzir uma ontologia metaestável. Para produzir esta ontologia relacional, criativa e complexa, vamos usar uma caixa de ferramentas conceitual advinda de dois autores. De Henry Bergson tomaremos os conceitos de duração, intuição, seleção e sentido. De A. N. Whitehead tomaremos os conceitos de preensão, sentires e criação. A partir destes conceitos produziremos um conceito de objeto adequado ao empirismo transcendental e suas virtualidades, um conceito de objeto que ultrapasse os dualismos entre os fluidos e os sólidos: objeto-acontecimento, objeto-problema.

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Biografia do Autor

Tania Mara Galli Fonseca, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1970), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1978). Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1996) e Pós-doutorado pela Universidade de Lisboa (2004). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, docente e pesquisadora dos Programas de Pós-Graduação em Piscologia Social e Institucional e de Informática na Educação, dirige a Coleção Cartografias editada pelas editoras UFRGS e Sulina. Foi presidente da Sociedade de Psicologia do RGS e possui larga experiência em Psicologia, com ênfase em Estudos da Subjetividade e do Trabalho. Atua a partir dos referenciais da filosofia da diferença nos temas tempo e subjetividade, corpo-arte-clínica, trabalho e tecnologias com ênfase nos processos de resistência e criação.

Luis Artur Costa, Universidade Federal de Pelotas

Docente do curso de Psicologia da UFPel. Doutor (CAPES) pelo Programa de Doutorado Interdisciplinar do PPGIE UFRGS sob a orientação da Prof Drª Tania M. Galli Fonseca. Realizou estágio de doutoramento sanduíche (CAPES) no departamento de Psicologia Social da Universitat Autónoma de Barcelona com o Prof Dr. Francisco Javier Serrano Tirado no ano letivo 2010-2011. Mestre (CAPES) pelo Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sob a orientação da Prof Drª Tania M. Galli Fonseca. Graduou-se em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Trabalha na área de Psicologia, Filosofia e Artes com ênfase nos temas relativos às Subjetivações Contemporâneas. Dentro deste escopo aborda principalmente os seguintes assuntos e autores: Deleuze, Foucault, Nietzsche, Whitehead, epistemologia da psicologia, sociedade de controle, urbanismo, nomadismo, saúde coletiva e loucura. Atuou em experiências de empreendimentos e eventos autogestionados, efetuando paralelamente uma reflexão sobre este tema na contemporaneidade.

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Publicado

2013-08-29

Como Citar

FONSECA, T. M. G.; COSTA, L. A. As durações do devir: como construir objetos-problema com a cartografia. Fractal: Revista de Psicologia, v. 25, n. 2, p. 415-432, 29 ago. 2013.

Edição

Seção

Dossiê Cartografia

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