Medicalização dos problemas de comportamento na escola: perspectivas de professores

Autores

  • Nilza Sanches Tessaro Leonardo Universidade Estadual de Maringá
  • Mariana Akemi Suzuki Universidade Estadual de Maringá

Palavras-chave:

medicalização, problemas de comportamento, Psicologia Histórico-Cultural

Resumo

Este estudo teve por objetivo investigar os efeitos do processo de medicalização de alunos que apresentam comportamentos que a equipe escolar considera inadequados. Participaram da pesquisa dez professores de três escolas públicas de uma cidade do Estado do Paraná. Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado. Os dados foram trabalhados mediante análise de conteúdo e os resultados mostraram que, na compreensão dos participantes, o aluno “medicado” consegue se concentrar mais e fazer as atividades em sala produzindo satisfatoriamente; porém questionam as consequências do processo de medicalização para a infância, uma vez que as crianças se tornam apáticas e não se relacionam mais com os colegas da maneira como se relacionavam antes. Concluímos que essa prática social da medicalização dos problemas de comportamento de alunos nas instituições escolares se torna uma prática social de controle, uma vez que com essa prática se buscam objetivos materiais ideológicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nilza Sanches Tessaro Leonardo, Universidade Estadual de Maringá

possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (1988), mestrado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2001) e doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2004). Atualmente é professora do departamento de Psicologia da UEM e do programa de pós-graduação em Psicologia da UEM. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Escolar.

Mariana Akemi Suzuki, Universidade Estadual de Maringá

Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especialista em Teoria Histórico-Cultural pela mesma Universidade. Ministrou aulas para o curso de Especialização em Saúde Mental/2012 (UEM). Ministrou aulas de Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia da Aprendizagem, para o curso de Psicologia, no Centro Universitário de Maringá (CESUMAR). Ministrou aulas de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem para o curso de Fonoaudiologia, pelo mesmo Centro Universitário. Ministrou supervisão de estágio em Psicologia Escolar, pelo mesmo Centro Universitário. Trabalhou como psicóloga no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-II) em Sarandi/PR.

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual Of Mentaldisorders (DSM-IV). 4th ed. Washington: American Psychiatric Association, 1994.

BARROS, J. A. C. Estratégias mercadológicas da indústria farmacêutica e o consumo de medicamentos. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 17, n. 5 p. 377-386, 1983.

BARKLEY, R. A. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: manual para diagnóstico e tratamento. 3. ed. Tradução de Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BOARINI, M. L.; BORGES, R. F. Hiperatividade, higiene mental, psicotrópicos: enigmas da Caixa de Pandora. Maringá: Eduem, 2009.

BRZOZOWSKI, F. S.; CAPONI, S. N. C. Medicalização dos desvios de comportamento na infância: aspectos positivos e negativos. Psicologia Ciência Profissão, Brasília, v. 33, n. 1 p. 208-219, 2013.

CALIMAN L. V. O TDAH: entre as funções, disfunções e otimização da atenção. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 3, p. 559-566, 2008.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991.

COSTA, A.; FERNANDES NETO, E.; SOUZA, G. A proletarização do professor: neoliberalismo na educação. 2. ed. São Paulo: Instituto José Luiz e Rosa Sundermann, 2009.

COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. Preconceitos no cotidiano escolar: a medicalização do processo ensino-aprendizagem. In: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO (Org.). Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doença de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 193-213.

CONRAD, P. The medicalization of society: on the transformation of human condition into treatable disorders. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2007.

EIDT, N. M.; TULESKI, S. C. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e Psicologia Histórico-Cultural. Cadernos de Pesquisa, [S.l.], v. 40 n. 139, p. 121-146, jan/abr, 2010.

GARRIDO, J.; MOYSÉS, M. A. A. Um panorama nacional dos estudos sobre a medicalização da aprendizagem de crianças em idade escolar. In: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO (Org.). Medicalização de Crianças e Adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 149-162.

GUARIDO, R.; VOLTOLINI, R. O que não tem remédio, remediado está? Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 239-263, abr. 2009.

GUSMÃO, M. M. G. Comportamento infantil conhecido como hiperatividade: consequência do mundo contemporâneo ou TDAH?. 2009. 127 f. Dissertação (Mestrado em Educação)__Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

KANTOVISKI, A. L. L.; VARGENS, O. M. C. O cuidado à mulher que vivencia a menopausa sob a perspectiva da desmedicalização. Revista Eletrônica de Enfermagem, [S.l.], v. 12 n. 3, p. 567-570, 2010.

LEITE, H. A. O desenvolvimento da atenção voluntária na compreensão da Psicologia Histórico-Cultural: uma contribuição para o estudo da desatenção e dos comportamentos hiperativo. 2010. 197 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia)__Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR, 2010.

LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo na criança. In: ______. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte. 1978. p. 287-313.

LUENGO, F. C.; CONSTANTINO, E. P. A Vigilância Punitiva: a postura dos educadores no processo de patologização e medicalização da infância. Revista de Psicologia da UNESP, Assis, v. 8, n. 2, p. 22-126, 2009.

MOYSÉS, M. A. A.; COLLARES, C. A. L. Dislexia e TDAH: uma análise a partir da ciência médica. In: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO (Org.). Medicalização de Crianças e Adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doenças de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 71-110.

PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2010.

ROCHA, D.; DEUSDARÁ, B. Análise de conteúdo e análise do discurso: aproximações e afastamentos na (re) construção de uma trajetória. Alea - Estudos Neolatinos, v. 7, n. 2, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-106X2005000200010>. Acesso em: 27 jun. 2008.

ROSE, S. Drugging unruly children is a method of social control. Nature, London, v. 451, n. 7178, p. 521, Jan. 2008.

SOUZA, M. P. R.; CUNHA, B. B. B. Projetos de Lei e políticas públicas: o que a psicologia tem a propor para a Educação? In: CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO (Org.). Medicalização de crianças e adolescentes: conflitos silenciados pela redução de questões sociais a doença de indivíduos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. p. 215-227.

VALENTINE, K. A consideration of medicalisation: choice, engagement and other responsibilities of parents of children with autism spectrum disorder. Social Science and Medicine, Austrália, v. 71, n. 5, p. 950-957, 2010.

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Downloads

Publicado

2016-04-17

Como Citar

LEONARDO, N. S. T.; SUZUKI, M. A. Medicalização dos problemas de comportamento na escola: perspectivas de professores. Fractal: Revista de Psicologia, v. 28, n. 1, p. 46-54, 17 abr. 2016.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)