Promoção da saúde no processo de democratização brasileiro: biopolíticas e constituição de sujeitos da saúde

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v31i3/5509

Palavras-chave:

promoção da saúde, biopolítica, constituição do sujeito, atenção básica

Resumo

Em um estudo sobre promoção da saúde como uma biopolítica, objetivou-se analisar como práticas biopolíticas, no processo de democratização brasileira nos anos de 1980 e 1990, constituem sujeitos, por meio da objetivação pelos discursos e normas. A pesquisa teve como fonte documentos que instalam a promoção da saúde, considerando-os como monumentos, intencionais, com efeitos na objetivação de sujeitos. A promoção da saúde é considerada como prática histórica, datada e como dispositivo estratégico de governamentalidade. Organizando-se os documentos em subarquivos, a análise foi conduzida pela problematização – arqueológica e genealógica – de Michel Foucault. A promoção da saúde é articulada estrategicamente com o discurso da saúde ampliada e relações econômicas desenvolvimentistas. Em meio ao governo médico da vida ocorre a objetivação de sujeitos na relação com práticas de promoção da saúde, sobretudo na atenção básica, o que possibilita aportes para se problematizar a subjetividade nesses espaços.

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Biografia do Autor

Ana Maria Pereira Lopes, Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, SC

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (1994), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002), com dissertação com temática acerca da saúde mental e trabalho em saúde mental; e doutorado em Programa de Pós-Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2012), com tese acerca da promoção da saúde enquanto biopolítica. Atualmente é professor titular da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Tem experiência na docência em Psicologia, com ênfase na saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: atenção básica (saúde mental) e psicologia hospitalar, e com a intersetorialidade a políticas públicas (assistência social, segurança, educação e outras). Tem experiência na temática relativa à organização da profissão de psicólogo e ética profissional. Faz parte do Comitê de Ética em Pesquisa da UNISUL e foi tutora do Programa de Educação para o Trabalho em Saúde (PET) Saúde - Ministério da Saúde.

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Publicado

2019-10-31

Como Citar

LOPES, A. M. P. Promoção da saúde no processo de democratização brasileiro: biopolíticas e constituição de sujeitos da saúde. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, n. 3, p. 283-291, 31 out. 2019.

Edição

Seção

Artigos